4 de Dezembro de 2024 | Coimbra
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Estação de Coimbra vai trazer “centralidade” à cidade

20 de Janeiro 2023

A Estação de Coim­bra vai ser alvo de uma in­tervenção de profunda requalificação, no sentido de melhorar a qualidade dos serviços oferecidos e de reforçar a sua centrali­dade, num processo que conta com o envolvimen­to do arquiteto catalão Joan Busquets, responsável pelo estudo urbanístico de suporte ao Plano de Por­menor (PP).

A parte abrangida pelo PP corres­ponde à área de interven­ção do projeto de cons­trução da nova Estação de Coimbra e respetiva zona envolvente, num total de 143 hectares, e os estudos a realizar incluem também uma reflexão geral sobre um perímetro mais alar­gado (273 hectares) para garantir uma articulação com o tecido urbano ad­jacente.

A Estação de Coimbra passará, assim, a ter um carácter multimodal agregando vá­rias valências. Pretende­-se ainda que “constitua o centro de um novo polo de atividade social e econó­mica da cidade”, refere o Município.

Além das ligações ferroviárias tradicionais (Linha do Norte e com­boios regionais e suburba­nos), a Estação de Coim­bra B irá ter a ligação ao centro da cidade através do MetroBus (deixa de haver tráfego ferroviário até à Estação de Coimbra A) e vai passar também a dispor dos serviços de alta velocidade, uma decisão tomada no âmbito dos estudos realizados pela Infraestruturas de Portugal (IP) para a construção da nova linha de Alta Velocidade entre Porto e Lisboa.

O PP da nova Estação foi apresentado esta quarta-feira (18), numa sessão que contou com a presença do presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, da vereadora do Ur­banismo e da Mobilidade, Ana Bastos, do vice-pre­sidente da Infraestruturas de Portugal, Carlos Fer­nandes, e do arquiteto catalão Joan Busquets.

O presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, fala de um “projeto transformador”. “Iremos passar a ter uma nova Estação central intermodal que vai potenciar uma nova centralidade e que passará a ser um núcleo de um novo desenvolvimento urbano que vai potenciar Coimbra para o século XXI, além de trazer a Alta Velocidade Ferroviária, que é fundamental”, realçou o autarca.

De acordo com o edil municipal, “em conjunto com o grande investimento que está a ser feito com o Sistema de Mobilidade do Mondego, passaremos a ter uma nova mobilidade em Coimbra e no acesso a todo o país, que vai revolucionar completamente a nossa cidade”.

O estudo urbanístico apresentado por Joan Busquets, que propõe uma estação num edifício em ponte, é uma revisitação e atualização do plano já desenvolvido por aquele arquiteto catalão em 2010 para Coimbra-B (no âmbito do projeto de alta velocidade que, na altura, não avançou), que José Manuel Silva defendia que deveria ser recuperado.

O autarca agradeceu ao Governo e à IP pela abertura que tiveram para “melhorar muito” aquilo que era o projeto inicialmente previsto e considerou que a atual proposta vai dar “uma nova dinâmica à cidade”.  A nova estação, vincou, “permite escrever um novo futuro para a cidade, para o concelho e para a região”.

Para a vereadora com o pelouro da mobilidade da Câmara de Coimbra, Ana Bastos, a intervenção agora prevista “impunha-se” e vai “muito além de um mero interface de transportes”. Para esta responsável, o atual plano do ateliê de Joan Busquets é “completamente diferente do de 2010, influenciado por novas políticas de urbanismo e mobilidade, assim como mais adaptado ao território e menos intrusivo, com uma predominância do verde”.

A autarca explicou também que o plano de pormenor, que será agora desenvolvido pela Câmara de Coimbra, (e que terá de ficar concluído este ano) “vai potenciar a transformação de todo aquele espaço”.

Para além da construção de uma nova estação, o plano pretende promover “um novo desenvolvimento” daquela zona, que vai sofrer “uma ampla intervenção urbanística”, mais atrativo “ao investimento público, mas também privado”. “Irá nascer aqui uma nova Coimbra na zona poente do concelho”, elencou.

O vice-presidente da IP, Carlos Fernandes, destaca que esta nova estação em Coimbra “será um marco quer no ponto de vista de acessibilidade, quer de mobilidade e arquitetónico” e que permitirá “aceder a 150 destinos por via ferroviária em Portugal e em Espanha”.

Uma estação intermodal que vai “revolucionar” a cidade

A proposta do arqui­teto Joan Busquets para a requalificação da nova Estação Coimbra B, passa pela criação de uma cor­tina verde na Casa do Sal e um corredor contínuo pedonal e ciclável entre a Baixa e Coimbra-B, como nova Estação intermodal da cidade.

Um dos intuitos neste redesenho de toda a zona entre Coimbra-B e a Baixa está a ideia de hierarquias no acesso à futura estação intermo­dal, com a pretensão “de tentar priorizar quem vai a pé, depois quem vai de bicicleta, de autocarro ou MetroBus e, só em quarto, quem vai de veículo privado”.

Para Joan Busquets, o carro não deve estar “na primeira fila de priori­dades” e, nesse sentido, afirmou querer que o plano aproxime Coimbra­-B da cidade, dando nota que embora a Estação tenha “uma posição central” em relação ao concelho, acaba por parecer “muito longe de tudo o resto, pela forma como a sua ligação é feita à Baixa da cidade”.

O plano aponta para um reforço da ligação pe­donal entre a Avenida Fer­não de Magalhães e Coim­bra-B e, ao mesmo tempo, uma maior conexão do Choupal com outras zonas verdes da cidade, como o Vale de Coselhas, algo que já estava previsto no ante­rior projeto, mas agora “mais evidente”.

“A Estação vai dar uma resposta funcional e clara a todos os meios de transporte e formas de mobilidade, além da parte da natureza, em que de um lado vemos a estação, do outro a cidade e o espaço natural da Mata do Choupal, isto é o que poucas outras estações de outras cidades podem oferecer”, destacou.

Joan Busquets, que man­tém a ideia de um edifício “excecional” em ponte para a Estação, prevê a construção de uma dupla de edifícios altos no mes­mo complexo, que pode­rão ser um hotel ou espaço de negócios, “que tenham uma relação visual com o resto da cidade”.

O plano, que inicial­mente previa outro tipo de ocupações para além da Estação, deixará agora espaço que permita, no futuro, outras construções e ocupações.

O arquiteto propõe também um redefinir das entradas do IC2 na cidade, considerando que, hoje, “parte dos acessos são de­masiado diretos e levam a congestionamentos”. O responsável destaca ainda o “uso pobre” do espaço na Casa do Sal, sob o viaduto do IC2, neste momento utilizado para estacionamento de carros e ponto de paragem dos autocarros Flixbus, consi­derando esta zona “proble­mática para a mobilidade suave”.

Conforme adianta o atual Executivo da Câmara, este plano de pormenor constitui uma evolução dos estudos desenvolvidos em 2011 em parceria com a ex-Rede Ferroviária Nacional, com a ex-Rede de Alta Veloci­dade e com o Município, para a elaboração do Plano de Urbanização da Entra­da Poente e Nova Estação Central de Coimbra, “que nunca se concretizou e foi abandonado nos dois últimos mandatos”.


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