Tenho muitas saudades, muito saudáveis, dos anos em que joguei basquetebol no Olivais Futebol Clube.
Foram muitos os jogos e é completamente (im)possível recordar-me de todos eles. No entanto, há um jogo que ficou para sempre gravado na minha memória (e no meu coração): o primeiro jogo que fizemos nos Açores, contra a equipa do União Micaelense. O pavilhão estava completamente cheio, o ambiente era assustador e apesar de estarmos a vencer o jogo quase até ao final, acabámos por perder. No último desconto de tempo combinámos perder o jogo porque não havia condições para sairmos do pavilhão em segurança, em caso de vitória. Para além disso, apenas tínhamos avião no dia seguinte o que ainda tornava a situação mais delicada. Aquela foi a derrota mais difícil da minha carreira desportiva (e recordo o jogo em nossa casa como o meu melhor jogo de sempre)!
Antes de sair de casa o Pai Augusto tinha-me recomendado que, em S. Miguel, procurasse um seu amigo, o Eng.º Eduardo Moura. Este senhor, natural dos Açores, estudou com o Pai Augusto (em Coimbra e no Porto). Assim que terminaram os seus cursos as carreiras profissionais separaram os dois amigos mas, uns anos mais tarde, seria a política a juntá-los na Assembleia Nacional.
Assim que cheguei a S. Miguel procurei a casa do amigo do Pai Augusto e toquei à campainha. Queridos leitores, não consigo encontrar as palavras certas para descrever a alegria daquele senhor, quando escutou: “O meu nome é Clara, venho de Coimbra e sou filha do Augusto Correia”. Ainda hoje me emociono quando recordo o carinho com que o Eng.º Eduardo Moura e a sua esposa me receberam. Logo naquela tarde passei muitas horas com eles e escutei muitas histórias. Acabaria por pedir ao meu treinador autorização para ficar em casa daqueles senhores, com o compromisso de estar no dia seguinte no pavilhão à hora combinada (no final do jogo acabaria por “regressar a casa”). Aquela “surpresa de luxo” tinha deixado o amigo do Pai Augusto radiante e eu gostei dele assim que o vi… (O Pai Augusto sabia muito bem escolher os amigos!).
Passaram 30 anos sobre aquela viagem a S. Miguel… aquela foi a primeira vez que viajei de avião e longe estava eu de imaginar que pouco tempo depois os aviões passariam a ser os meus comboios!
Foi graças àquele primeiro jogo nos Açores que conheci o Eng.º Eduardo Moura e a sua esposa. Nos anos seguintes estivemos sempre em contacto e os meus amigos, carinhosamente, foram acompanhando os meus sucessos académicos e profissionais. Foi inesquecível a primeira vez que nos encontrámos em Coimbra e que percorri com o Eng.º Eduardo Moura as ruas da Alta da nossa cidade. Deliciei-me com as histórias dos seus tempos de estudante… Foi inesquecível a primeira vez que nos encontrámos em Lisboa e que percorri com o Eng.º Eduardo Moura as ruas da nossa capital. Deliciei-me com as histórias dos seus tempos de política… Foi inesquecível!
Ainda hoje recordo, com um sorriso no coração, a revelação mais gira que este amigo do Pai Augusto me fez. “… para o teu Pai poder andar atrás da Académica, era eu que fazia os apontamentos!”.