O envelhecimento da população exige mais e novas respostas. A sociedade deve estar atenta a esta realidade e mobilizar-se para assegurar um envelhecimento saudável e ativo, que proporcione aos seniores uma vida dinâmica mas, acima de tudo, feliz. É isto que tem procurado fazer também a Associação Nacional de Apoio ao Idoso (ANAI), instituição que está agora a celebrar 25 anos.
Numa sociedade cada vez mais envelhecida, é preciso olhar para os seniores de uma nova forma. O presidente da ANAI, José Ribeiro Ferreira, sublinha que “os idosos não podem ser tratados como crianças acabadas de nascer ou como pessoas débeis, que perderam a capacidade de raciocinar”. Pelo contrário, a sua sabedoria e experiência de vida não só têm como devem ser potenciadas, para benefício das gerações mais novas e da sociedade no seu todo.
“Os idosos mantêm as suas capacidades e interesses e é necessário que se criem ambientes e condições para que mantenham o corpo e a mente ativos”, realça.
Apesar da reforma ser cada vez mais tardia, as pessoas nem sempre estão preparadas para esta fase. A quebra na rotina diária traz consigo, muitas vezes, o isolamento e a solidão. “Muitas vezes, quando chegam à reforma, as pessoas deixam para trás o trabalho e os costumes de uma vida inteira. Muitos acabam por não saber o que fazer com o tempo livre e ficam por casa, sozinhos, sentados no sofá e acabam por começar a definhar. É isso que temos que evitar”, sublinha.
Para José Ribeiro Ferreira a sociedade tem que “criar respostas para que as pessoas se mantenham ativas e saudáveis”. Defende que “a mente tem que se manter sempre a trabalhar” e considera que, nessa área, as instituições têm um papel fundamental, ao assegurarem respostas variadas que estimulem os idosos mas que também os apoiem nas suas necessidades do dia a dia, criando condições para que se mantenham nas suas casas e evitando o “desenraizamento” a que tantos idosos são sujeitos no final da sua vida.
“A grande filosofia da ANAI é assegurar cuidados para que as pessoas possam levar uma vida o mais ativa e satisfatória possível nos locais onde sempre viveram”, realça.
Criada há 25 anos, esta instituição assegura um conjunto amplo de respostas, que vão ao encontro das várias necessidades dos idosos, seja a nível da formação, da ocupação mas também da saúde, higiene e acompanhamento.
“Temos que lhes dar a possibilidade de estarem ativos – pintando, discutindo, convivendo, lendo… fazendo o que quer que seja”, alerta.
25 anos a promover o envelhecimento saudável
A ANAI está, há 25 anos, a promover esse envelhecimento saudável. Ao longo destes anos, a sociedade mudou e a instituição foi-se adaptando às alterações e novas exigências que foram surgindo.
Numa fase inicial, assumiu-se, como o próprio nome indica, como uma resposta nacional, tendo tido mesmo delegações em vários pontos do país. Entretanto, entidades públicas e privadas foram criando novas respostas e a ANAI acabou por ficar mais restrita à cidade de Coimbra, onde dispõe de duas instalações – a sede, na Rua Pedro Monteiro, onde funciona a Universidade de Tempo Livre (UTL) e a Oficina do Idoso, na Rua João Cabreira, na Baixa, onde funciona o Centro de Dia e as várias oficinas.
Um dos projetos que “caiu” foi precisamente o Observatório Social do Idoso, que pretendia constituir uma “espécie de ficheiro” com informações que pudessem ser úteis aos idosos, em todas as áreas, e que acabou por deixar de se justificar, uma vez que os próprios serviços da Segurança Social começaram a fornecer essas informações.
Os restantes mantêm-se até à atualidade, com os necessários ajustes. A UTL continua a ser uma das suas principais valências. Atualmente conta com cerca de 230 alunos, distribuídos por aproximadamente 30 disciplinas de diversa índole, umas mais direcionadas para o corpo e outras mais focadas na mente, como ginástica de manutenção, pilates, hidroginástica, informática, fotografia digital, literatura, história de Portugal e da Europa, Filosofia, entre outras. De destacar também outras iniciativas, como a Cátedra Sousa Fernandes, que promove o encontro e debate sobre várias temáticas.
José Ribeiro Ferreira recorda que a UTL da ANAI foi “a primeira a surgir na cidade de Coimbra e uma das primeiras do país”, tendo inspirado depois outras que foram aparecendo. Considera que todas as respostas que surjam direcionadas à terceira idade são “muito positivas”, já que o mais importante é “que a pessoa não fique em casa sem fazer nada”, que tenha “estímulos” que a façam sair e conviver, garantindo assim não só um envelhecimento ativo mas, acima de tudo, feliz.
A Oficina do Idoso, na Baixa, é outro “ponto de encontro”. Decorrem aí as várias oficinas – pintura, bordados, cerâmica, encadernação e restauro de livros, escrita criativa, entre outras. Muitos destes trabalhos, desenvolvidos por mais de meia centena de utentes, podem ser agora apreciados numa exposição que se encontra patente, até ao final do dia de hoje, na Casa Municipal da Cultura, no âmbito destes 25 anos da ANAI.
Para além disso, estas instalações da Baixa funcionam também como Centro de Dia, que acolhe perto de duas dezenas de pessoas que aí passam o dia, regressando às suas casas ao final da tarde.
Nestas instalações, a ANAI disponibiliza também um Banco de Ajudas Técnicas, onde aluga materiais diversos (cadeiras de rodas, camas articuladas, andarilhos, entre outros), a preços simbólicos, a quem deles precisa.
A instituição assegura, ainda, apoio domiciliário a cerca de 20 pessoas, tratando-lhes da higiene pessoal e do lar, fornecendo-lhes refeições e acompanhando-as no que necessitam no dia a dia. Dispõe também de um serviço permanente, 24 horas por dia, para as pessoas mais dependentes, que não podem estar sozinhas em casa.
“Eu sou contra o facto de as pessoas terem que abandonar os seus lares, os sítios onde viveram sempre. Não é fácil deixar as suas casas e ir para um lar. Nós defendemos que as pessoas se devem manter o máximo possível no seu lar e estas respostas que asseguramos são fundamentais para que assim possa acontecer”, sublinha José Ribeiro Ferreira.
Sarau celebra hoje 25 anos da ANAI
As celebrações dos 25 anos da ANAI terminam hoje, com a realização de um sarau cultural, que decorre, a partir das 21h30, no Conservatório de Música de Coimbra.
A instituição, que assegura várias respostas aos idosos desde 1994, convida todos a associarem-se a este momento de festa que vai contar com as atuações do Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra e do Quintetango – Novo Tango (Astor Piazzolla).