Desde os tempos da minha passagem pelos bancos da licenciatura universitária, em História, variante de Arte, no final da centúria passada, que ouço falar nas dificuldades do ensino da História. Consagrados mestres alertavam, já nesse tempo, para os danos previsíveis no curto prazo ao nível não só da divulgação da nossa História, mas também da tentação de reinterpretação da Memória e Identidade, perpetrados por interesses políticos e sociais, aliados a narrativas divulgadas pela net, conjugadas pela falta de rigor e ignorância.
Na verdade, a História exige, enquanto ciência, muito estudo, análise minuciosa dos factos e documentos, constante busca de novos elementos tendo em vista rever, nalguns casos, ou adicionar conhecimento ao já produzido, noutros, contribuindo de forma decisiva para a formação geral do povo.
Confesso, assim, a minha estupefação pelo que tenho assistido nos últimos tempos, em debates e fóruns do espaço público e político nacional. Não compreendo como homens supostamente bem formados, que dirigem uma nação secular, possam compactuar com narrativas sucessivas, que têm como objetivo quase obsessivo, a eliminação dos vestígios do colonialismo português, procurando apagar a memória coletiva ou seja, a base transversal da História.
Respeitar os povos que colonizámos é uma coisa, perdoar será outra, mas ambas admissíveis num quadro que se deseja de paz salutar. Bem diferente é querer alterar a ordem e progresso dos factos, ordenando a destruição de património que honra os nossos antepassados e que contribuiu para a formação da identidade nacional.
Só a falta de formação e conhecimento pode justificar tamanha crueldade. Precisam, a meu ver, que lhes ensinem a disciplina da História, o que não se afigura, realmente, tarefa fácil, bem pelo contrário. Não sei que manuais têm lido, ou de que companhias desfrutam, mas tenho a certeza do erro que estão a cometer, contribuindo para a dissolução do conceito de Estado e de Nação, que tanto jeito dá a certos grupos de interesse, pouco visíveis, os quais sofreram duro revés com a emergência da pandemia.
É por estes motivos, e por outros bem parecidos, que a ascensão de movimentos populistas vai encontrando espaço para capitalizar votos, ao mesmo ritmo que nos espanta a ignorância geracional de parte muito significativa da população quanto à nossa cultura. Porém, quando as academias não dão o exemplo que deve vir de cima…