22 de Janeiro de 2025 | Coimbra
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DOM

17 de Maio 2024

Ilusões eu já tivera

De gaivotas sobre o mar,

Mas agora estou à espera

De outra Luz: a do Luar.

 

Burilei o sal e o peixe

Com o afã dos próprios versos.

Quero, apenas, que a Voz deixe

Cantar noutros Universos.

 

Que, d’ Aqui, já pouco resta

Sob escombros do Passado.

O meu bico fora testa

De Homem-Vate, bem alado.

 

Oxalá na Lua vibre

Outro timbre mais agudo,

Cristalino e com calibre

De haver Nada em quase Tudo.

 

Que ninguém me enxergue, pois,

Se eu alegre sou mais triste.

Há em mim um eu em dois

Que da Verve não desiste.

 

 

E, se um dia, uma criança

Alcançar tal Luz, qual Deus,

É porque eu espetei a lança

P’ra morrer nos versos meus.

 

Mesmo assim, se eu não tiver

O Silêncio da Loucura,

Que a Luz grave o dom que houver

Sobre a minha sepultura!

 


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