Um estudo realizado pela Universidade Nova de Lisboa, denominado “Saúde da Visão – Impacto Socioeconómico”, revela que dos mais de dois milhões de portugueses com algum tipo de deficiência visual, “dois terços dos casos de perda de visão depois dos 50 anos seriam evitáveis quando diagnosticados a tempo”. O estudo indica ainda que o “tempo médio de acesso a uma consulta de oftalmologia no Serviço Nacional de Saúde (SNS) ronda os seis meses”.
“Em Portugal, muitas pessoas mais velhas vivem com perda de visão evitável, causadas por erro de refração e catarata. Ambas as condições podiam ser diagnosticadas atempadamente por um simples exame ocular, realizado pelo optometrista. No entanto, no nosso país, ainda não existem cuidados de saúde primários, ao nível do SNS, acessíveis a toda a população”, refere Raul Sousa, presidente da Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO).
“As perdas associadas à cegueira variam entre 74 e 185 milhões de euros. Por sua vez, a redução de produtividade associada à perda moderada e grave da visão varia entre 130 e os 555 milhões de euros”, explicam os investigadores com base nos resultados dos dados recolhidos.
Mais de dois milhões de portugueses são atingidos por dificuldades em ver, sendo as mulheres as mais afetadas (27,5 por cento) que os homens. A percentagem de pessoas com dificuldades em ver aumenta com a idade: cerca de nove por cento até aos 34 anos, 14 por cento entre 35 e 44 anos, 30 a 32 por cento entre os 45 e 74 anos e superior a 40 por cento para idades mais avançadas. Estima-se que entre os adultos com mais de 50 anos, cerca de 42 mil sofram de cegueira e mais de 260 mil sofram de perda da visão moderada e grave na população.