A frota de veículos dos Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC) contam agora com 10 novos autocarros 100 por cento elétricos. Apresentados na semana passada, no Parque Verde, numa cerimónia que contou com a presença do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, os novos veículos inserem-se numa política de renovação da frota, na qual a Câmara de Coimbra tem vindo a apostar nos últimos anos, tendo investido nove milhões de euros em 40 autocarros para os SMTUC nos últimos cinco anos.
Na sessão, o presidente da Câmara, Manuel Machado, enalteceu o grande investimento que a autarquia tem feito nos SMTUC, não só na renovação da frota mas também ao suportar integralmente o custo social dos transportes, que custa anualmente, segundo anunciou, outros tantos nove milhões de euros aos cofres do Município. Manuel Machado destacou ainda as várias tecnologias que têm sido instaladas na cidade “para benefício das pessoas, como os painéis eletrónicos com informação de horário dos autocarros em tempo real; a integração tarifária; a manutenção preventiva para a gestão da frota dos SMTUC; a rede wifi Coimbra+”, entre outros.
Deu ainda conta que tem sido feita uma aposta no sentido de aumentar a atratividade dos transportes públicos junto dos mais jovens, recordando que no último ano letivo a autarquia implementou uma medida que assegura transportes públicos gratuitos a todas as crianças e jovens, do pré-escolar ao 12.º ano.
Durante a cerimónia, o ministro do Ambiente realçou a aposta do Governo em alcançar a neutralidade carbónica em 2050, sendo que, para isso, o investimento em transporte terrestre movido a eletricidade ou a hidrogénio é crucial. “Em 2050, teremos toda a mobilidade terrestre movida a eletricidade ou a hidrogénio. A meta é a de chegar a 2030 com um terço da mobilidade de passageiros elétrica e estes investimentos são muitos importantes para que isso se consiga”, disse João Matos Fernandes.
Trabalhadores dos SMTUC exigem reposição de carreira
A cerimónia da apresentação dos novos autocarros ficou marcada por uma ação de protesto de cerca de uma dezena de trabalhadores dos SMTUC, que se manifestaram pela reposição da carreira de agente único dos motoristas e melhores condições de trabalho.
Os trabalhadores tentaram interpelar o ministro no final da cerimónia para expor as suas reivindicações e acusaram Manuel Machado de ter prometido ajudá-los nesta luta e, até ao momento, ter feito “zero”.
“Acham justo que uma pessoa que conduz esta viatura que transporta vidas ganhe 635 euros [salário mínimo nacional]?”, questionava Sancho Antunes, da Comissão de Trabalhadores dos SMTUC.
Já antes da cerimónia arrancar, os trabalhadores, que erguiam duas tarjas a exigir a reposição da carreira, foram impedidos pela polícia de se aproximarem do local. Sancho Antunes recordou que esta é uma luta antiga dos trabalhadores dos SMTUC, face à desigualdade perante os motoristas da Carris (Lisboa) e STCP (Porto), que recebem mais de 800 euros no início de carreira. “Aqui, começa-se com 635 euros e andam dez anos para ganhar mais 20 euros, se correr bem a avaliação”, salientou.
Durante a cerimónia, Manuel Machado fez referência ao problema dos motoristas, notando o “escasso salário que a lei impõe”, considerando que “é tempo de corrigir [essa situação], criando-se de novo a carreira condigna de motorista”.