O desenvolvimento do concelho de Coimbra depende de uma boa rede de transportes públicos, que responda, com qualidade, às necessidades da população. A Câmara de Coimbra e os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos (SMTUC) estão a trabalhar no sentido de alargar este serviço municipal a todas as freguesias, certos contudo de que a rede de transportes públicos “não é uma ilha isolada”, dependendo o seu funcionamento “da boa articulação” entre as várias operadoras que servem este território.
Ter a circular autocarros dos SMTUC em todas as freguesias e uniões de freguesia (UF) do concelho é o objetivo da Câmara de Coimbra que, nos últimos anos, tem feito um forte investimento nesta área dos transportes públicos municipais.
Apesar de cerca de 80 por cento do território concelhio ser já servido pelos SMTUC, há ainda algumas freguesias e UF que aguardam ansiosamente pela sua chegada. De acordo com Jorge Alves, presidente dos SMTUC e também vereador da Câmara de Coimbra, neste momento não servem ainda Souselas e Botão, parte da UF de Trouxemil e Torre de Vilela, Brasfemes, Antuzede e Vil de Matos, S. Silvestre, S. Martinho de Árvore e Lamarosa e S. João do Campo.
“Naturalmente que o objetivo da Câmara e dos SMTUC é estender a rede a todo o concelho. Mas uma rede de transportes não é uma ilha isolada e, apesar dos transportes públicos municipais estarem já em cerca de 80 por cento do território, há partes que ainda são servidas por operadoras privadas, sobretudo carreiras intermunicipais que vêm dos concelhos à volta de Coimbra e que servem essas freguesias”, explica.
Jorge Alves frisa que o bom funcionamento da rede de transportes públicos depende “da interligação entre as várias ofertas”, sendo certo que todo o trabalho que está em curso tem como objetivo final “servir o melhor possível as pessoas, independentemente de ser pelo operador municipal ou pelo privado”.
O presidente dos SMTUC assume que o operador municipal “assegura muitas vantagens”, ao garantir “uma oferta mais abrangente e preços mais económicos”. Estes benefícios só são possíveis devido ao investimento de cerca de nove milhões de euros anuais que a autarquia faz neste setor, valor que acautela todas as despesas mas que canaliza uma forte parcela para a área social, nomeadamente para os passes cujo custo tem vindo a ser reduzido, numa medida de apoio às famílias.
“A rede de transportes é fundamental porque é quase o nosso ‘sistema respiratório’. Nos últimos anos temos vindo a melhorar a rede dos SMTUC, em termos de investimento, qualidade da oferta e adaptação de horários à procura que temos”, realça, dando também conta do forte investimento que tem vindo a ser feito, nos últimos anos, na aquisição de veículos. “Há uma aposta clara do Município em autocarros elétricos, com tecnologia de última geração, mas houve também a preocupação de melhorar a outra parte da frota, incluindo a recuperação dos trolleys que pusemos a circular em 2018 e que fazem parte da história da cidade e dos SMTUC”, diz, recordando que este “é um investimento continuado, que começou já em 2013 e que tem vindo a ser melhorado todos os anos”.
Número de passageiros continua a aumentar
A aposta na melhoria da rede tem-se traduzido num crescimento do número de utilizadores. Segundo Jorge Alves, no ano passado o número de passageiros cresceu 2,4 por cento comparativamente a 2018, passando de 12,943 milhões em 2018 para 13,257 milhões no ano passado. Esta tendência de crescimento, que começou já em 2018, contraria, como explica, “a tendência nacional”, onde se tem verificado uma diminuição do número de utilizadores dos transportes públicos. Mostra também que a adequação que tem sido feita na rede, a nível de carreiras e horários, vai ao encontro das necessidades das pessoas.
Houve ainda um reforço na fidelização, com o número de passes sociais a aumentarem em 2019 – o passe estudante (população universitária) cresceu cerca de 21 por cento; o passe terceira idade e sénior 4,4 por cento; o passe escolar 23,6 por cento; o passe rede geral 9,5 por cento; e o transporte especial 14,9 por cento. O passe Consigo+ (para beneficiários do Rendimento Social de Inserção ou desempregados de longa duração) conta já com 6.800 beneficiários, desde que foi lançado há quatro anos.
Assistiu-se também à expansão da rede para a zona Sul do concelho com a criação e entrada em funcionamento, a 4 de dezembro, de novas linhas para Assafarge, Antanhol, Palheira, Cernache, Loureiro, Almalaguês, Anaguéis, Monforte, Rio de Galinhas e Zorro.
Zona Norte à espera…
Continuar a expandir esta rede é o objetivo da autarquia. De acordo com Jorge Alves, a próxima etapa é a zona Norte da cidade, estando o processo em andamento. Lembra, contudo, que “os procedimentos não são tão rápidos como se gostaria, havendo legislação a cumprir”.
“Em dezembro foi possível estender a rede à zona Sul porque nessa altura terminavam as concessões e o Município podia assumir o que eram as carreiras municipais”, explica, reforçando que tal só foi possível porque a Câmara “se constituiu, há três anos, como autoridade municipal de transportes para o nosso concelho”.
No caso da zona Norte, servida por transportes intermunicipais que são da responsabilidade da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra, há outras questões a resolver. “Temos sempre em perspetiva a melhoria do transporte público. A 4 de dezembro não foi possível fazer a extensão dos SMTUC a todo o concelho porque a legislação não o permitia. Percebo perfeitamente o anseio das pessoas, porque o serviço público municipal de transportes é uma melhor oferta, quer do ponto de vista de qualidade quer do ponto de vista de preços”, diz.
Assegura que “a prioridade é agora a zona Norte mas todo este trabalho é continuado”, estando a Câmara Municipal a tratar, em articulação com as autoridades municipais de transportes.
Resposta integrada em preparação
“Nesta fase podemos dizer às populações que o trabalho está a ser feito. Essa questão foi já discutida várias vezes na Câmara, os trabalhos estão em curso mas os processos têm os seus ‘timings’, a legislação em vigor tem que ser cumprida sob pena de se cometerem irregularidades e ilegalidades, o que seria ainda pior. Não estamos a discriminar ninguém”, sublinha.
Jorge Alves recorda que este processo “está em desenvolvimento” e que “consiste na expansão da rede municipal para determinadas zonas do concelho que são servidas por operadores privados”, sendo por isso necessário “analisar e implementar a articulação dos dois serviços”, um trabalho que está a ser feito pela Câmara, CIM e as duas autoridades responsáveis pelos transportes.
Como é sabido, estas freguesias e uniões são servidas pela Transdev, sendo intenção da autarquia complementar esta oferta com as carreiras dos SMTUC para “melhorar o serviço às populações”. Enquanto tal não acontece, Jorge Alves apela a que esta operadora privada mas que assegura um serviço público de transportes “cumpra a legislação, que obriga a que os horários dos transportes estejam disponíveis e que se efetuem as carreiras”, devendo as reclamações ser encaminhadas para a CIM, a quem compete “gerir, acompanhar, supervisionar e fiscalizar” os transportes intermunicipais.
Jorge Alves frisa que “os passos estão a ser dados” para que os SMTUC cheguem, assim que possível, à zona Norte do concelho, situação que depende de “três premissas fundamentais – a Câmara aprovar o desenho da rede para lá, adquirir autocarros e contratar motoristas”.
O presidente dos SMTUC assegura que isso “está em andamento”, tendo decorrido já reuniões com os presidentes das respetivas freguesias e UF. Apesar do processo estar a avançar, diz que esta “não é uma área onde se possa avançar com previsões”, o que significaria “criar expectativas às pessoas”.
“Temos que ser honestos. Quando estiverem reunidas as condições avançamos. Esse trabalho está a ser feito pelos SMTUC, em articulação e sob supervisão da autoridade municipal de transportes e em estreita ligação com as juntas de freguesia”, garante, explicando que estão atentos a todas as sugestões que possam contribuir para o serviço – seja de utilizadores, associações locais e, obviamente, dos presidentes, que são os que conhecem melhor o território.
“Todas as sugestões são bem vindas. Temos tido a preocupação de adequar a oferta e melhorá-la e temo-nos apercebido que há pequenos acertos, até a nível de horários, que permitem dar uma resposta muito mais eficaz. Esse é um trabalho que acontece ao longo de todo o ano”, realça.
“Nesta fase parte do trabalho está feito. Estamos a delinear uma nova oferta de transportes o que obriga a estudar o tipo de resposta que vai ser dada e que tem que ser interligada com a oferta que já existe ali próximo”, esclarece Jorge Alves, salvaguardando que “o desenho que está a ser feito passa por conjugar, melhorar e ampliar a oferta”. Adianta também que está em curso o processo de aquisição de novos autocarros e de contratação e motoristas.