A culpa é destruidora. Concorda? Mas de onde nasce a culpa? Do ego! Jamais do eu superior. E por que razão ela emerge, brava e demolidora? Quem sente a culpa está sempre onde não está.
Está num sítio a fazer algo e sente que devia estar a fazer algo bem diferente, noutro local. Daí, sentir-se culpada. Está sempre em conflito. Tensa. E… também não deixa relaxar quem está por perto. Sofre muito e culpa os outros de também não fazerem o que deviam.
Se eu tenho que trabalhar tudo em casa, quando regresso do trabalho, para trazer dinheiro para casa, o meu marido também tem que me ajudar.
Se eu não posso fazer o que gosto, por que será que A ou B, na minha família, pode estar sempre ausente, para o que lhe dá gozo e alegria? E se às vezes, me apetece descansar e não posso, por que será que o outro está sempre no telefone ou a ver televisão ou a jogar?… Enfim um rosário de queixas.
E perguntamo-nos: Por que será esta exigência tão apertada, contínua, para connosco mesmos e para com os outros? A culpa não dá tréguas, nem um momento de relaxamento. Não permite que se olhe para si própria. Não permite que a pessoa evolua. Não permite que se viva em paz. Arranja sempre motivos para atormentar a alma.
Reparemos: – “Ai que devia ter feito aquilo e não fiz…; não devia ter feito, dito tal coisa…; ainda não consegui realizar tudo o que eles estão à espera que eu faça…; ai que tenho que ajudar A, B e C e ainda não fiz nada por eles…; e muitas outras situações em que o ser se culpa.
Se pensarmos bem, descobrimos nesta culpa algum orgulho. Presunção. Senão, vejamos: Quem somos nós para nos acharmos tão insubstituíveis e importantes? Será que o mundo avança sem nós? Quem sou eu para julgar que a vida sem mim nada vale?
É verdade que, por vezes, as pessoas têm necessidade da nossa ajuda.
É verdade que temos que partilhar todos os nossos dons e nisso somos recompensados infinitamente, quando o fazemos sem esperar qualquer retribuição. O Universo espia as mínimas coisas e retribui cem por um…
É verdade que as pessoas desejam ajuda, mas… há um limite por duas razões: 1.ª porque a própria pessoa carenciada, consciente ou inconscientemente, escolheu essa situação para evoluir e crescer! Só através da procura de solução podemos evoluir. O indivíduo pode precisar de um empurrão, mas até certo ponto.
O extremo cuidado, nessa ajuda, pode ser prejudicial.
Além de que cada um de nós tem muito que fazer no seu crescimento contínuo e permanente. Isso é tão urgente e importante, como a situação de emergência do outro. Isto não é egoísmo, mas responsabilidade atenta.
Temos que aceitar, que qualquer tipo de dependência é uma prisão!
E a culpa é uma prisão permanente de alta segurança!
Quando alguém se conecta consciente e livremente com o universo, a leveza e a liberdade emergem em luz, nas nossas vidas, em todas as circunstâncias. Temos essa certeza.
Deixo uma questão em aberto: Será a “senhora dona culpa” uma tentativa inconsciente, nascida no facto de alguém se querer tornar poderoso e imprescindível?