A propagação do coronavírus continua a causar sérias preocupações, sobretudo nos lares de idosos. O concelho de Coimbra não é exceção, com a Residência Sénior do Centro Paroquial de Bem Estar Social de Almalaguês, a Obra Social de Torre de Vilela e a “Cavalo Azul” – Associação de Famílias Solidárias com a Deficiência a viverem tempos de grande preocupação, com utentes e funcionários a acusarem positivo.
Ninguém poderia imaginar que o coronavírus pudesse parar o mundo e não há dúvidas que ninguém estava preparado para o impacto que poderia causar. O cenário que se vive no país não deixa ninguém indiferente e é com uma tristeza profunda que, como o comprovam os números, se verifica que são os idosos as principais vítimas, pessoas que trabalharam afincadamente ao longo de toda a vida, que criaram as suas famílias por vezes com tantas dificuldades, que lutaram pelo nosso país e pelo seu desenvolvimento e que estão agora, em tantos casos, isolados, muitos hospitalizados, vivendo estes tempos de dor e angústia sozinhos, sem o conforto da família e dos amigos.
Lamentavelmente, já se viu que a Covid-19 não poupa ninguém, havendo afetados de todas as idades. Os lares, apesar de todos os cuidados que possam existir, não são exceção e têm vivido momentos de grande preocupação.
No concelho de Coimbra, a Residência Sénior do Centro Paroquial de Bem Estar Social de Almalaguês viveu momentos de grande aflição mas a situação começou já a estabilizar e, de acordo com a diretora da instituição, Elza Carvalho, “tem vindo a evoluir de uma forma positiva”, havendo um utente que já recuperou.
Na semana passada, na quarta feira, a instituição, com a ajuda da GNR e da Proteção Civil, procedeu à desinfeção de todas as instalações, de forma faseada, o que permitiu que todos os utentes permanecessem na residência, sem terem de ser evacuados.
Apesar de neste cenário os números sofrerem rapidamente alterações, Elza Carvalho adianta que, de acordo com os dados referentes a terça feira, dos 30 utentes que se encontravam na instituição, 15 tinham diagnóstico positivo. Recorda que, no início da pandemia, a residência acolhia 35 utentes. Destes, dois faleceram (um vítima de Covid-19 e outro que já se encontrava internado no Hospital dos Covões desde fevereiro), dois estão ainda internados e há um que foi transferido para outra instituição porque se encontrava em processo de tratamento.
Em termos de funcionários, numa equipa de 35 profissionais apenas três estão em quarentena mas sem sintomatologia. Elza Carvalho dá conta que, tal como sucedeu com os utentes, foram realizados testes a todos os funcionários, estando ainda alguns a aguardar pelos resultados, não havendo, até essa data, ninguém com sintomas o que, como realça, não significa que não possam acusar positivo, já que há vários casos assintomáticos na instituição.
A Covid-19 não poupou também o lar da Obra Social de Torre de Vilela, onde há mais de 30 casos confirmados. O Delegado de Saúde Adjunto do ACES do Baixo Mondego, José Pereira de Almeida, confirmou a “O Despertar”, esta terça feira, a existência de 33 casos positivos, sendo que destes 11 são funcionários e 22 são utentes. De referir que, naquela altura, um dos utentes contaminados tinha regressado a casa da família e havia a lamentar uma morte, restando portanto 20 utentes no lar com diagnóstico positivo, muitos deles assintomáticos.
De acordo com fonte da instituição, todas as instalações foram desinfetadas na quinta e sexta feira pelos Bombeiros Voluntários de Brasfemes e pelos Sapadores de Coimbra, “um trabalho excelente e muito cuidadoso” que contemplou tudo. Os utentes foram transferidos para o Hotel D. Luís durante o processo, regressando ao lar no sábado à noite, onde se mantiveram apenas os quatro utentes que tinham acusado positivo.
Nesta fase, segundo fonte da instituição, o principal problema “prende-se com a falta de meios humanos”, uma vez que cerca de metade da equipa profissional se encontra em quarentena em casa, apelando, por isso, à ajuda de voluntários.
Na “Cavalo Azul”, em Marco dos Pereiros, há também três casos de utentes infetados, mas apenas permanecem nas instalações dois, uma vez que um regressou a casa da família. Há ainda quatro funcionários que acusaram positivo e que, como explica o Delegado de Saúde, se encontram em casa, em isolamento profilático e quarentena, aguardando para fazer novo teste.