Nos olhos de uma criança
Pude ver livre, a avançar,
Um balão cheio de esp’rança,
Em busca de outro lugar.
Sempre que pestanejava,
O balão também descia…
Mas, depois, lá continuava
A subir por onde qu’ria.
Como nuvem de algodão,
Já muito perto do Céu,
Perfurou a Imensidão
E pôs-se ao lado de um véu.
Tal adorno era pertença
De uma Mulher que foi Mãe
De uma Luz bem mais intensa
Do que aquela que o Sol tem.
Não seja, pois, de estranhar
Que o balão, no seu regresso,
Trouxesse nele Esse Olhar
Que eu não tenho e tanto peço.
Não sei se foi por presságio,
Ou por desígnios, enfim,
Que se deu este “contágio”
Da criança olhar p’ra mim.
Por isso é que os olhos meus
Não são falsos, controversos:
São a forma de eu ver Deus
Através dos próprios versos!