A Casa dos Pobres de Coimbra recria amanhã (10 de novembro) as tradições associadas à matança do porco. A Festa do Porco à Moda Antiga é aberta a toda a comunidade e assume-se como mais um evento solidário que visa angariar fundos para as obras de ampliação das instalações desta instituição que acolhe atualmente 63 utentes mas que continua com uma lista de espera de cerca de 400 pessoas.
As tradições associadas à matança do porco vão ser recriadas amanhã na Casa dos Pobres de Coimbra. A instituição pretende reviver assim um costume que continua a fazer parte das memórias de tantas e tantas gerações, ao mesmo tempo que procura proporcionar um dia diferente, de muito convívio e confraternização, aos seus utentes e também a todos aqueles que se queiram associar a esta realização.
A Casa dos Pobres vai estar de “portas abertas” a toda a comunidade e convida a população a participar neste evento solidário, que procura angariar receitas para as tão desejadas obras de ampliação das instalações. Maria Luísa Carvalho explica que a festa vai começar logo pela manhã, de forma a que as pessoas possam assistir a todas as fases da preparação do porco, com a exceção da matança, que não será feita na instituição. “Fizemos uma festa idêntica no ano passado e os nossos idosos gostaram muito. Portanto, decidimos voltar a recriar esta tradição, com toda aquele ambiência da matança, com o desmanchar do porco, o grelhar da fêvera acabada de cortar, o fazer do sarrabulho e a grelhada mista”, explica.
Em tempo de S. Martinho, não vão faltar também as castanhas e a jeropiga e a animação musical, durante a tarde.
“Queremos lembrar as tradições dos nossos idosos e os sabores especiais associados a esta tradição. Esta é uma iniciativa aberta à comunidade, todos são bem vindos para este almoço e convidados a ajudarem-nos com o contributo que puderem dar”, convida Maria Luísa Carvalho, realçando que a Casa dos Pobres tem agora “mais um grande desafio pela frente”, já que está a trabalhar no sentido de ampliar as atuais instalações. “A sociedade tem sido generosa com a instituição e estamos, mais uma vez, a pedir-lhe que nos ajude a realizar esta obra. Preparámos um dia diferente, com um programa especial, e esperamos que seja realmente um dia solidário”, realça.
De acordo com a presidente, o projeto para a ampliação das instalações já foi deferido pela Câmara de Coimbra e vai entrar agora na fase da orçamentação. Atualmente a instituição está a funcionar na sua capacidade máxima, acolhendo 63 utentes, mas está muito aquém das necessidades reais. Maria Luísa Carvalho sublinha que “todos os dias chegam pedidos de ajuda à Casa dos Pobres”, que conta com uma lista de espera de “cerca de 400 pessoas”.
Com a ampliação das instalações, a instituição vai poder contar com mais 37 camas, subindo assim a sua capacidade para 100 utentes. A responsável admite que “continuará a estar muito aquém da resposta necessária” e lembra que “as características e a missão desta casa são diferentes da dos lares”, onde até podem haver vagas mas que não são financeiramente acessíveis a pessoas com reformas muito baixas. “A nossa missão é apoiar pessoas que não tenham capacidade económica, nunca esquecendo que a Casa dos Pobres foi constituída, em 1935, precisamente para tirar as pessoas da rua. Há muitos cidadãos com reformas mínimas, sem familiares que possam ajudar na comparticipação e, portanto, para quem o lar não é uma solução”, realça.
O trabalho que a Casa dos Pobres tem vindo a desenvolver nestes 83 anos tem sido reconhecido pela cidade que, das mais variadas formas, tem sido solidária com esta casa. Maria Luísa Carvalho sublinha que este apoio continua a ser fundamental e a direção procura ser “cada vez mais criativa” na criação de eventos que “chamem a atenção da comunidade para os desafios que a instituição tem agora pela frente, onde todas as pessoas possam participar e, dentro das suas possibilidades, ajudar”.