Tudo se perde, tudo se vai. O importante é a Vida. Este meu apontamento de hoje é uma forma de abraçar a dr.ª ZILDA MONTEIRO diretora há anos deste O DESPERTAR, semanário conimbricense dos quatro costados, salatina militante, olivanense quando baste, que se entranha em nós como a Coca-Cola, que nos embebeda como o precioso néctar da Bairrada, que nos faz lembrar as cervejas Topázio e Ónix, as bolachas da Triunfo, os eferreás lançados pela Malta de Coimbra nos seus encontros académicos, as saborosas arrufadas, a leitura do velho Ponney para nos rirmos desta Vida.

Abraçar hoje a DIRETORA ZILDA é evocar uma caricatura do Joaquim BELISÁRIO colocando-a, por exemplo, fumegante, na cozinha, entre a filha Luana e o marido que a esperam, e ela, a Diretora, ao chegar, vir enrolada em exemplares de O Despertar acabado de sair do forno. Abraçar hoje a Diretora ZILDA é evocar fotos neorrealistas do Varela Pècurto, as fotos do Formidável que se iam buscar de madrugada a sua casa subindo a suas escadas de caracol e a esposa a proclamar altissonante: Ó Fernaaaaando está aqui o Sansãooooo a pedir a foto do treino prá Bola. Ou o Táxeira a gritar em plena Calçada: olha a Capa e Batina e o Ponney. E depois: eh pá dá-me um cigarro! O velho Táxeira que foi acarinhado após a sua saída do ativo pelo sr Freixo e Esposa que lhe fizeram com a Associação Académica um belo quartinho no campo de Santa Cruz. Ou é lembrar que em Coimbra era tradição que os Professores, os de cátedra, sendo da direita protegiam os da esquerda e os da esquerda até depois dos Cravos protegeram os da direita (penso que era o que constava) e a isto chama-se TOLERÂNCIA, mas eu chamo-lhe COIMBRA. Chamo-lhe INTELIGÊNCIA e SOLIDARIEDADE.

Tudo se perde, tudo se vai. O velho Ónião agora anda agarrado a uma data histórica e não é o mesmo, perdeu-se a Linha ferroviária da Lousã, perdeu-se um Hospital autónomo dos Covões, perderam-se emissões de rádio a nível regional e nacional a saírem da rádio pública em Coimbra, perdeu-se a Capital Europeia da Cultura para Coimbra, já se perdeu Coimbra como uma grande cidade da Saúde porque outros divulgam melhor o saber e a práxis dos seus profissionais de saúde, perdeu-se a BRIOSA, a velha, mítica e sentimental ACADÉMICA, pois penso que vai descer à Terceira Divisão neste sábado e NUNCA TAL ACONTECEU em cem anos de história.

Tudo se perde, tudo se vai. O importante é a Vida. Longa vida para O DESPERTAR, votos de vida brilhante com áurea para a futura atividade da nossa Diretora. Há UM VAZIO a que as vestes roxas da Quaresma dão um sentido de nostalgia e perda, mas seguir-se-á a RESSURREIÇÃO. É PÁSCOA.

Gaaaaanda abraço, DIRETORA.

Sansão Coelho