11 de Dezembro de 2024 | Coimbra
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Capital da Cultura: Candidatura deve ser congregadora e deixar “frutos”

22 de Março 2019

A candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura em 2027 deve conciliar “dinâmicas inovadoras e congregadoras”, envolvendo e sensibilizando todos os agentes da cidade neste desafio, de forma a que, depois da festa, fiquem resultados visíveis para o futuro cultural do território e de quem aí habita.

Este foi um dos principais desafios feitos pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, na abertura do Fórum C, um “espaço de reflexão e discussão” em torno da letra “C” – de Coimbra, mas também de Cultura, Conhecimento, Ciência, Comunidade, Cidadania e, naturalmente, de candidatura a Capital Europeia da Cultura – que reuniu, no sábado, no Convento São Francisco, 15 personalidades nacionais e internacionais que, perante dezenas de pessoas, analisaram os desafios e também as fragilidades das Capitais Europeias da Cultura.

Considerando que este é “um dia extraordinário para Coimbra, para Portugal e para a Europa”, manifestou o desejo de que este evento promovesse a reflexão sobre “o que significa hoje para uma qualquer cidade ser Capital Europeia da Cultura”, um dos títulos “mais desejados e apreciados na Europa, sobretudo pelo estatuto que confere e pelas possibilidades de engrandecimento que encerra”.

Manuel Machado sublinhou que, ao mesmo tempo que interessa “a celebração da cultura”, importa também “o caminho” que se percorre até lá, bem como o dia seguinte, o dia 1 de janeiro de 2028, ou seja, “o que fica na cidade depois da festa”.

“Importa-nos a sementeira e a colheita a benefício das nossas comunidades, ao invés de eventos efémeros que pouco ou nada deixam de valor enraizado no território e nas pessoas. Assim, estou certo que qualquer cidade que apresente uma candidatura a este título quererá, depois da festa, resultados visíveis e efeitos positivos para o presente e para o futuro cultural do território e os hábitos culturais da comunidade”, realçou. Quererá, no fundo, como acrescentou, “uma verdadeira transformação na produção e no acesso à cultura”.

Consciente de que este será “um processo extremamente complexo, diversificado e longo, que envolve vários passos, etapas e decisões”, o autarca explicou que terá que envolver “os vários atores, agentes e associações culturais, habitantes, trabalhadores e utilizadores da cidade, decisores políticos, instituições e entidades relevantes no território”, de forma a que surjam “dinâmicas inovadoras e congregadoras”, bem como “consensos alargados”.

“Por termos noção desta complexidade, também estamos convictos de que este nunca poderá ser um caminho solitário”, disse, defendendo “um processo de construção coletiva do futuro, de auscultação de todos os interessados e de sensibilização de todos os que, à partida, não se importariam com este desafio”.

Para Luís de Matos, líder do grupo de trabalho responsável por esta candidatura, o Fórum C constituiu “uma plataforma sem precedentes”, já que convida todos a participar, buscando “uma cidade em que a cultura europeia se reencontre e reinvente”.

“Coimbra é uma cidade europeia de cultura pela sua história, pelo prestígio, pela singularidade do seu património material e imaterial, pela importância das movimentações literárias, artísticas e científicas que a tornaram, ao longo do tempo, num foco propagador de criatividade e inovação”, disse, considerando que o Fórum C celebra “esse espírito e visão”.

Um projeto a longo prazo

Depois de Manuel Machado e Luís de Matos darem as boas vindas a todos, o Fórum C seguiu com cinco painéis. Ludovic Thilly, Clara Almeida Santos e Ana Abrunhosa começaram por falar nos pontos fortes, seguindo-se uma análise, por Edson Athayde, Hugo de Greef e Isabel Pires de Lima, sobre os pontos fracos. Durante a tarde, Guilherme Imperial, Jean-François Chougnet e José António Bandeirinha analisaram as oportunidades; António Feijó, Boaventura Sousa Santos e Cátia Antunes falaram das ameaças; e, a encerrar, Artur Santos Silva, Elias Torres Feijó e Pedro Machado refletiram sobre a letra “C”.

No final, coube a Bento Rodrigues apresentar as principais conclusões deste Fórum C, onde sobressaiu a necessidade e importância de fazer com que um título destes perdure. Das conclusões tiradas das várias intervenções, o jornalista destacou o facto de a candidatura não poder ser encarada como um mero festival ou uma sucessão de iniciativas, devendo repercutir-se em termos de futuro, apostando para tal num projeto a longo prazo que valorize a cidade e todo o território. Bento Rodrigues fez, assim, eco das palavras de vários dos intervenientes, que manifestaram o desejo de que este seja um trabalho que ultrapasse não só o ano de 2027 mas também as fronteiras da cidade, beneficiando toda a região Centro.

Recorde-se que a próxima Capital Europeia da Cultura, em 2027, decorrerá numa cidade portuguesa. Na corrida ao título, para além de Coimbra, estão também as cidades de Aveiro, Braga, Évora, Faro, Guarda, Leiria, Oeiras e Ponta Delgada.

Conduzida pela Câmara Municipal, a candidatura de Coimbra conta com o apoio e participação da Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra. Para além da própria Assembleia Municipal, conta ainda com o apoio do Turismo Centro de Portugal, da Universidade de Coimbra (UC), do Instituto Politécnico de Coimbra e do Lions Clube de Portugal.

A candidatura está a ser preparada por um grupo de trabalho, composto pelo mágico Luís de Matos, Nuno Freitas (médico), Manuel Rocha (deputado municipal da CDU e antigo diretor do Conservatório de Música de Coimbra), Luís Menezes (antigo vice-reitor da UC para a área do turismo), Pedro Pita (ex-diretor regional da Cultura do Centro) e Cristina Robalo Cordeiro (antiga vice-reitora da UC).


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