A presidente da Câmara de Cantanhede, Helena Teodósio, está muito preocupada com os sinais de degradação que se têm vindo a acentuar na prestação de cuidados de saúde no concelho, por falta de resposta da tutela em colmatar as insuficiências que se têm vindo a registar a vários níveis.
A autarca reuniu, na semana passada, com representantes das entidades do setor e os titulares de órgãos políticos locais, designadamente o executivo camarário, presidentes de Junta e membros da Assembleia Municipal eleitos pelo PSD, PS e CDU, para analisar estes problemas e procurar soluções.
Helena Teodósio começou por lamentar a falta de respostas da tutela aos pedidos e reivindicações da Câmara Municipal relativamente aos problemas identificados no âmbito do diálogo que tem mantido com os responsáveis das instituições de saúde. “São problemas que suscitam as maiores inquietações, sobretudo agora que se aproxima do início da transferência de competências da Administração Central para os municípios, processo que, independentemente da vontade destes, o Governo se propõe implementar em 2021”, afirmou a autarca.
Helena Teodósio considera que “há insuficiências que precisam ser resolvidas com a maior urgência, de modo a que seja garantida resposta adequada à população ao nível dos cuidados de saúde em todas as valências, o que nesta altura não acontece”.
Relativamente ao Hospital Arcebispo João Crisóstomo foi assinalada a preocupação do Conselho Diretivo em estabilizar o quadro de pessoal, sobretudo do corpo médico, de modo a melhorar os serviços e otimizar o bloco operatório. A escassez de valências cirúrgicas, a oferta limitada de consultas de especialidades e a falta de condições de trabalho em algumas áreas são as maiores limitações desta unidade hospitalar que se debate com dificuldades de contratação de pessoal devido ao seu estatuto no âmbito do Setor Público Administrativo.
Quanto à consulta aberta do Centro de Saúde, constata-se que não responde às necessidades da população, sendo necessário implementar rapidamente um atendimento de urgência com mais médicos e um horário mais alargado com disponibilidade de meios complementares de diagnóstico. Por outro lado, nas unidades de saúde familiar e nas extensões de saúde tem-se vindo a acentuar a falta de médicos para dar resposta às necessidades, o que deixa as populações desprotegidas. Trata-se de uma situação que tem de ser alterada urgentemente, bastando para isso que a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) cumpra com o que se comprometeu no protocolo que celebrou há anos com a Câmara Municipal, realça a autarquia.
Helena Teodósio lamentou que a ARSC não esteja a respeitar o que acordou com a autarquia relativamente ao funcionamento dos Postos de Atendimento de Cuidados de Enfermagem, uma resposta social criada e financiada pela Câmara ao abrigo de um protocolo que envolve também as juntas das freguesias que não possuem extensões de saúde. “Este tipo de atendimento de proximidade com as populações tem-se revelado da maior utilidade, responde às necessidades das pessoas, sobretudo das mais idosas, e por isso estranhamos muito que a ARSC não esteja a cumprir a parte que lhe compete no âmbito do protocolo e lamentamos também que não responda ao nosso pedido para que sejam criados mais três postos onde realmente fazem falta”, referiu.
No final da reunião, Helena Teodósio agradeceu às entidades presentes “a abertura e o interesse com que participaram da discussão de questões numa área tão sensível como é a da saúde e enalteceu a elevação e espírito construtivo como todas as forças políticas se empenharam em debater os problemas e em perspetivar soluções que vão ao encontro das necessidades dos munícipes”.