PRAXE ACADÉMICA é o conjunto de usos e costumes tradicionalmente existentes entre os estudantes da Universidade de Coimbra e os que forem decretados pelo Conselho de Veteranos daquela Universidade. Não consta do Código da Praxe Académica qualquer referência que seja opositora do uso de capa e batina pelos alunos do primeiro ano, os caloiros. Pelo contrário – e segundo me apercebi após um contacto telefónico tido com o Dux Veteranorum -, é de apoiar e incentivar o uso do traje académico por parte dos alunos do primeiro ano. Vestindo capa e batina sentir-se-ão mais integrados e, por certo, melhor acolhidos pelos seus pares. A capa e batina é uma referência de democraticidade e uniformidade normalizando pelo exterior, pelo vestuário, todos os alunos. O número crescente de universidades e de estabelecimentos de ensino superior, e fazemos uma referência especial para os politécnicos, têm desenhado ações de praxe que diferem das que estão consignadas no Código da Praxe Académica da setecentenária Universidade de Coimbra o que se admite. Porém, no nosso ponto de vista, não pode ser a Academia de Coimbra a subverter princípios para se adaptar aos rituais de novos estabelecimentos de ensino com as suas praxes também muitas vezes novas e algumas, ouso dizê-lo, até perto do carnavalesco e da insensatez. Em Coimbra (e sim, houve aqui ou ali pontualmente um desvio) a praxe ainda é o que era e foi ao longo de centúrias e o meu maior desejo é verificar que os novos alunos são acolhidos de forma fraternal e humanista abdicando de qualquer ação mentecapta. A insensatez de alguma gestualidade e prática praxística tem criado exércitos de opositores às praxes e isso não tem acontecido em exclusivo no meio universitário. Os estudantes universitários de Coimbra devem, pois, unir-se na reprovação imediata de qualquer ato desumano ou desagradável ou que saia do legislado pelo Código da Praxe Académica. A Praxe Académica é, temos de o reconhecer, um elemento que catapulta o ambiente e o Espírito Académico de Coimbra dando-lhe uma enorme visibilidade e até admiração nacional e mundial.  Imaginem, pois, o que seria, por exemplo, uma notícia de um único estudante que fosse cometer uma ação desviante dos bons costumes e da salutar convivência académica. A Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra, o Conselho de Veteranos e o Dux Veteranorum, entre outras entidades, devem estar superiormente vigilantes na observação integral da Praxe Académica. Nesta última quarta-feira o historiador João Gouveia Monteiro com a clarividência e sapiência reconhecidas abordou no Diário de Coimbra, A LATADA: ORIGENS MEDIEVAIS DAS TRADIÇÕES ESTUDANTIS, um artigo muito interessante a surgir, em tempo certo, com incursão nas origens medievas e no ritual da iniciação do estudante novato, o adolescente retirado da sua rusticidade para entrar na senda da intelectualidade. Já agora aproveitamos para desejar aos CALOIROS a continuação de uma boa semana dedicada à FESTA DAS LATAS e IMPOSIÇÃO DE INSÍGNIAS e, obviamente, uma concorrida e espirituosa LATADA neste domingo. Significado de espirituoso: caraterística do que é engraçado, com graça inteligente, vivaz, alegre… e da nossa parte acrescentamos DE PREFERÊNCIA SEM ÁLCOOL.

SC