13 de Fevereiro de 2025 | Coimbra
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“Caixas Solidárias” promovem partilha e ajudam quem mais precisa

15 de Maio 2020

“Leve o que precisar, deixe o que quiser” é o lema do projeto “Caixa Solidária”, nascido neste cenário em que a pandemia provocada pela Covid-19 está a deixar muitas famílias em situações difíceis. Este movimento nacional, que nasceu nas redes socais, impulsionado pelo fotojornalista Nuno Botelho, ganhou rapidamente uma grande dimensão em todo o território, mobilizando a comunidade e apelando à generosidade e à partilha nestes tempos em que tantas famílias se viram privadas dos seus rendimentos ou sofreram cortes nos seus vencimentos.

Esta onda de solidariedade estendeu-se também a toda a cidade de Coimbra, com as “Caixas Solidárias” a encontrarem-se facilmente em vários locais. As juntas e uniões de freguesia do concelho, que têm vindo a desenvolver um trabalho notável no apoio às pessoas e famílias que precisam de ajuda, não ficaram à margem do projeto, aberto ao apoio de todos – população, empresas, coletividades e demais pessoas que possam colaborar –, criando assim uma rede de partilha em que quem pode dá e quem precisa leva ou, também, em que uns dão o que têm a mais e trazem o que lhes faz falta, numa ação de partilha que privilegia os bens alimentares e os produtos de higiene.

As “Caixas Solidárias” tornaram-se, rapidamente, numa presença natural em todo o país. Em Coimbra são perto de 60 e cobrem praticamente todo o concelho, sendo várias as juntas e uniões de freguesia que aderiram diretamente à iniciativa, tendo junto às suas sedes as “Caixas Solidárias” onde todos podem deixar e recolher donativos. Mas, para além das caixas que se encontram nestes espaços, há muitas outras, não só no centro urbano mas também nas localidades mais rurais. Encontram-se em frente a pastelarias, cafés, lojas e empresas variadas, bem como nas ruas, junto a cabines telefónicas, capelas, igrejas, paragens de autocarro, farmácias, escolas, bancos, centros de saúde, Loja do Cidadão, entre outros. Estão, no fundo, em locais estratégicos, de maior movimento, de forma a que estejam bem visíveis e estejam o mais acessível possível tanto a quem quer ajudar como a quem precisa de recorrer a estes bens nestes tempos difíceis.

Grupo apela ao civismo e entreajuda

Malu Rama, coordenadora do projeto na região de Coimbra, lembra que o foco das “Caixas Solidárias” assenta na recolha de alimentos “para que quem precise vá buscar”. Assume, contudo, que “tem havido alguns constrangimentos”, já que nem todas as pessoas “respeitam este conceito e levam as caixas todas”, com tudo o que lá está dentro, seja muito ou pouco.

“A situação de Coimbra está um pouco agridoce…”, realça, explicando que estão a ser tomadas medidas para evitar esse “açambarcamento exagerado”, através da fixação das caixas e do “rasurar das embalagens para não poderem ser vendidas”.

Malu Rama lamenta “a falta de respeito e solidariedade” por parte de algumas pessoas, havendo mesmo relatos de casos em que “vários carros foram vistos a levar as caixas seguidas, com os bancos de trás cheios de ‘Caixas Solidárias’”.

Mas, apesar de nem todos respeitarem, certo é que o projeto tem chegado a muita gente que realmente precisa. Malu Rama dá conta que têm recebido no grupo do facebook (https://www.facebook.com/groups/2640948296194011/ ) “muitos pedidos de ajuda por mensagem privada” e lembra que “há várias formas de ajudar”. No caso destes pedidos anónimos, é feita uma triagem para ver se a pessoa precisa mesmo de ajuda e, caso isso se confirme, são reunidos vários bens essenciais, vindos de uma lista preparada com a ajuda dos voluntários, que são depois entregues diretamente às famílias sinalizadas, sem passar pelas caixas.

“Nem toda a gente tem coragem para pedir quando precisa, nem toda a gente que pede precisa realmente… O que faz com que seja uma situação um pouco complicada de lidar…”, assume. Lembra também que “todos passamos momentos difíceis”, até mesmo “quem dá”, nesta altura em que o país vive uma grave crise financeira. “Por favor, antes de nos encher a caixa de mensagens ou tentar publicar dezenas de pedidos de ajuda seja para si, seja para outras pessoas, verifiquem primeiro quais as possibilidades que a vossa zona oferece”, alerta, dando conta que existem várias instituições, serviços da Câmara, juntas e uniões de freguesia, assim como as comissões sociais de freguesia e mesmo linhas de apoio, a assegurarem uma importante ajuda, tanto a nível alimentar como noutros setores. Sublinha também que este projeto só é possível graças ao apoio de todos, sobretudo do grupo de voluntários, sem o qual “nem sequer existia”.

“Queremos ajudar, mas somos apenas voluntários, não temos fundos, não temos apoios, temos apenas vontade de minimizar os danos causados por esta pandemia que nos limita a todos de viver a luta diária da forma normal a que estamos habituados”, sublinha.


  • Diretora: Lina Maria Vinhal

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