Em outubro de 1936, a Comissão Administrativa da Câmara Municipal satisfazia o pedido da Junta de Freguesia e da Comissão da União Nacional da freguesia de Brasfemes, para a cedência de algum material de incêndios, antiquado, destinado a um posto de bombeiros voluntários.
O influente Evaristo Pacheco Rodrigues, natural de Brasfemes, e vereador da CMC (mandato 1935-1937) incumbiu Rogério Serra – 1º comandante dos bombeiros e que tinha como seu adjunto, Apolinio Pereira dos Santos, que procedesse ao recrutamento de voluntários e de sócios – com o pagamento de uma quota mensal de 1$00.
A 01.01.1937 foi inaugurada a sede dos Bombeiros de Salvação Pública, presididos, provisoriamente, pelo Reverendo Amândio Fernandes Matias – autor do Hino aos Bombeiros de Brasfemes. O novo edifício também serviu para as sessões da Junta, da União Nacional e nele se homenageou o fundador Evaristo Rodrigues.
A corporação, que já contava com 70 sócios efetivos, ficou instalada no rés-do-chão do edifício oferecido pela autarquia de Coimbra, bem como, o respetivo material de incêndios. Nesse mesmo ano, o edil, conseguiu que os bombeiros do município oferecessem a Brasfemes uma bomba braçal e, com ajuda de populares, os soldados da paz combateram, em Brasfemes, o seu primeiro incêndio urbano.
Lançadas, em janeiro de 1937, as bases do Grupo de Bombeiros Voluntários Brasfemenses (GBVB), a associação foi, oficialmente, fundada a 30.07.1939, e os seus estatutos aprovados a 10.08.1939.
O conceituado comerciante João Vilaça, Presidente dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, em resposta aos contactos estabelecidos enviou alguns dos seus graduados a Brasfemes para ministrarem instrução à 1.ª Escola de Aspirantes que acabou por se iniciar com aproximadamente 30 elementos, formados pelo seu primeiro instrutor, o chefe dos Voluntários de Coimbra, Gastão Pedrosa e pelo comandante António Pinto de Magalhães.
Em 1946 elaboraram-se os primeiros fardamentos para o corpo ativo e, mais tarde, instalou-se um posto telefónico (1948) e um aparelho televisivo (1958). Algum tempo depois tomou-se a iniciativa de transformar uma viatura, marca Buick, adquirida à firma «Regisconta», numa confortável ambulância. Em 1959 receberam um velho pronto-socorro.
O desejo de quererem enriquecer o povo culturalmente, levou à criação de uma secção de teatro, bem como, à realização de bailes – matinées e soireés, peças de teatro e até à exibição de sessões cinematográficas. A secção dramática dos bombeiros voluntários Brasfemenses chegou, inclusive, a entrar em atividade sob a direção do antigo amador do teatro dos estudantes, Álvaro Perdigão.
As sessões de cinema contaram com o apoio da Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) e Defesa Civil do Território (DCT). Na sede de bombeiros de Brasfemes chegaram a ser exibidos vários filmes, entre eles: «Como salvar vidas», «Oxido carbono», «As 5 fases de salvamento», «Escombros», «Tortura de um pai», «Saltimbancos» e «Cantiga da rua».
Em agosto de 1965, o presidente de direção do GBVB, Mário Campos Abranches, colaborador decano do Jornal O Despertar, criou o primeiro Grupo Feminino de Primeiros Socorros no Distrito de Coimbra e um dos primeiros do país. Além de ter participado na fundação dos bombeiros de Brasfemes, foi também reeleito pela quarta vez em março de 1969.
Nos finais da década de 60 os bombeiros começaram a pensar num novo quartel, com instalações para uma sólida obra cultural, espaços para o teatro, sala de conferências, recreio e ainda um gabinete de leitura e respetiva biblioteca. No entanto, o quartel demorou um quarto de século para se tornar uma realidade.
Com a remodelação total dos estatutos, outorgada em abril de 1991, passou a designar-se por Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Brasfemes (AHBVB). O início da obra de construção do novo quartel ocorreu em janeiro de 2003 e a sua conclusão e inauguração em finais de janeiro de 2005.
Por ocasião da celebração do 75 e 76 aniversário da AHBVB foram conferidas honrosas distinções: o Ministério da Administração Interna concedeu a medalha de mérito de proteção e socorro – no grau prata e distintivo azul e da Liga dos Bombeiros Portugueses o Crachá de Ouro (2014); Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra e Prémio Inovação Social do Projeto “Mãos dada – Comunidade e Solidariedade” pela sua academia de Infantes e Cadetes – criada em 2007 (2015); e reconhecimento e mérito do Rotary Club de Coimbra (2016).
Foram prestadas homenagens póstumas, no cemitério de Brasfemes, a Mário Lopes Galvão, Homero Batista Figueiredo, Joaquim Fernandes e a Fernando Monteiro. Este último, também com busto no exterior do quartel de bombeiros, pois foi o único bombeiro que faleceu em serviço.
Todavia, nenhum dos mencionados foi fundador, apesar de alguns dos fundadores falecidos se encontrarem sepultados no mesmo cemitério. Não merecem eles uma justa homenagem com os seus nomes gravados na sede desta prestigiada associação para que seus nomes perdurem na memória das suas gentes? E porque não, uma exposição histórica-cronológica no seu Salão Nobre?
Por João Pinho e Vitália Santos