11 de Dezembro de 2024 | Coimbra
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António Inácio Nogueira

Auto (flagelação)

3 de Fevereiro 2023

Estou mais velho, impaciente,

Indolente,

Agora doente.

Os anos são já oitenta.

 

Abriram-me o coração,

Sem compaixão,

Determinados,

Naquela noite de facadas,

Bem fundas e determinadas.

 

Ficou a cicatriz, bem marcada no peito;

Depois veio a amargura no leito.

Noites sem dormir,

Corpo a carpir,

A minha solidão sem sorrir.

 

Sonho sem sonhar;

A dor a dormitar,

Requiem de Mozart ensaiar.

Orquestra sem instrumentos,

Que toca sem tocar,

Em todos os momentos.

 

Rejeito a (auto) condenação),

Os caminhos da frustração.

Buscarei a força que não tenho.

 

Fazê-la voltar,

Com ela devanear,

P`ra trilhar novos caminhos;

Acarretando,

Dançando,

E meditando,

Nas memórias inscritas,

Na já longa jornada da vida.


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