Vou muitas vezes ao El Corte Ingés, em Lisboa. Há muitos anos que sou “viciada” nas visitas a estes “grandes armazéns”. Tudo começou com as viagens a Vigo, em família… na minha memória infantil ficaram para sempre gravadas as famosas corridas nas escadas rolantes. O Pai Augusto combinava com as três meninas o (re)encontro na cafetaria do último andar e nós tinhamos libertade (e tempo) para experienciar as “escadas mágicas”. Nos tempos de vida em Barcelona ia muito pontualmente ao El Corte Inglés porque (quase) tudo que havia lá era demasiado caro para o meu pequenino porta moedas. Quando aquela grande loja abriu em Lisboa comecei a visitá-la, por motivos profissionais, e aquele hábito foi-se mantendo até aos dias de hoje.
Gosto particularmente de “dar uma volta” pelo piso de desporto / moda jovem e vou muito à livraria, onde encontro “saborosos” livros de autores hispánicos. Confesso que também gosto muito do café americano que se saboreia no El Corte Inglés.
Há dias, num sábado de manhã, lá estava eu de novo “a caminho” do El Corte Inglés… aquele era um sábado muito diferente porque foi acordado na capital e seria dormido da Figueira da Foz, depois de um inesquecível concerto da Luísa Sobral. Eu estava particularmente feliz com a certeza de que o meu dia teria um final de luxo…
Fui ao piso do desporto, onde ninguém me ligou nenhuma. Não preciso de muita ajuda para escolher material desportivo mas (ainda) não tenho acesso ao sistema informático para confirmar se existe um tamanho que falta na prateleira! Desisti da espera e fui fazer uma encomenda de um livro (Devaluación Continua, de Andreu Navarra), o que me deixa sempre (ainda) mais bem-disposta. Voltei ao piso de desporto e lá encontrei uma menina em “modo corrida” que reclamava ter muitos clientes para atender. Ora, aqui está uma coisa que sempre me encheu de alegria!!! Não surpreende ninguém que eu não tenha comprado nada…
À saída do El Corte Inglês fui abordada por uma simpática jovem que me pediu uns minutos para responder a um questionário de (in)satisfação. Tudo correu muito bem até à última pergunta:
“Pode dizer-me a sua idade?” – Perguntou a menina muito a medo.
“Claro que sim”, respondi com aquele sorriso feliz de quem celebra a vida. “Tenho 50 anos”.
“Até está muito bem conservada para a sua idade”, respondeu a menina.
Tive vontade de a desafiar para um “duelo de padel” mas não o fiz e limitei-me a despedir-me com um sorriso, enquanto pensava naquela pequenina palavra: até…