8 de Novembro de 2024 | Coimbra
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Associação de Dadores de Sangue de Coimbra apela à dadiva de sangue

24 de Fevereiro 2023

Dar sangue. Um gesto solidário para uma causa tão nobre: salvar vidas. É este o destino do sangue das pessoas que dão um pouco de si em prol da vida de um desconhecido, com a sensação de missão cumprida. E é esta uma das ações a que a Associação de Dadores de Sangue de Coimbra se propõe diariamente, a de sensibilizar e promover a dádiva voluntária de sangue, para que, como partilha o presidente da ADSC, José Mário Gama, com “O Despertar”, “o doente não espere pelo sangue, mas seja sempre o sangue a esperar pelo doente”.

A Associação de Dadores de Sangue de Coimbra (ADSC) completou, no passado domingo (19), 31 anos a contribuir para salvar vidas. Trabalha todos os dias em plena proximidade com instituições, empresas, escolas e com toda a comunidade, “alertando e sensibilizando para a realização de colheitas e para a importância de ser dador”. “As pessoas não têm, muitas vezes, a consciência de que o sangue não se fabrica. Ou se tem ou não. O sangue tem um prazo de validade de cerca de 40 dias, mas também necessitamos das plaquetas com uma validade mais reduzida (sete dias), daí a importância de termos sangue com regularidade, pois há uma necessidade de o ter diariamente”, refletiu o presidente da ADSC.

Seja através de campanhas nacionais, “spots” publicitários, entre outras iniciativas, o objetivo “é captar cada vez mais dadores, principalmente jovens, que é a nossa maior dificuldade”, avançou José Mário Gama.

Ao todo, anualmente, são mais de mil dadores que abraçam a causa. “No ano passado, rondou os 1.500 dadores nas colheitas promovidas pela Associação de Dadores de Sangue de Coimbra”.

“Vai havendo jovens a aparecer para serem dadores de sangue, que são sensíveis à causa, mas há àquele grupo grande de dadores que se mantém sempre, que são fiéis a esta causa e fazem com que a sustentabilidade do sistema e as necessidades sejam garantidas”, refletiu o presidente.

A importância de ser dador

A verdade é que não é preciso muito para se ser dador. Sendo a vontade de salvar uma vida o maior impulsionador para dar sangue, é preciso ter mais de 18 anos e menos de 65 (se já for dador), mais de 50 quilos e sentir-se saudável. “Se não for pode começar a ser até aos 60 anos”, mencionou. Depois deste primeiro passo, “pode inscrever-se num local de colheita para depois ter uma consulta médica, em que todos os parâmetros são analisados e se decide se pode ou não dar sangue”.

“Após isso, as pessoas passam a ser convocadas pela associação para dar sangue”, acrescentou José Mário Gama, partilhando que os homens podem fazê-lo de 90 em 90 dias e as mulheres de 120 em 120 dias.

Nos últimos anos, de acordo com o presidente da ADSC verifica-se uma “quebra significativa a nível nacional do número de dadores, em que milhares deixaram de dar sangue, pelo envelhecimento e por outros fatores”.

“Apelamos às pessoas que reúnam as condições para dar sangue que o façam, é muito importante”, reforçou.

A falta de sangue foi de facto uma preocupação com a vinda da pandemia da covid-19 e com a ativação do Plano de Emergência, em que toda a gente ficou confinada. “Senti uma angústia muito grande, porque na altura estávamos apavorados com a pandemia e pensava o que seria se ninguém viesse dar sangue nos hospitais. Mas felizmente mudámos o nosso posto de colheita para o Pavilhão Azul, fora do hospital e a pouco e pouco fomos conseguindo superar essa crise provocada pelo confinamento”, relatou José Mário Gama.

Neste momento, acrescentou, “há períodos em que temos sangue com mais afluência, outros com menos, pelo que fazemos os apelos nacionais e vamos equilibrando a quantidade disponível”.

“É preciso sensibilizar a comunidade”

Agora, para o presidente da ADSC, o desafio é “melhorar a comunicação junto das escolas e das faculdades”. “Informar as crianças logo a partir do segundo ciclo, por exemplo, com aulas de cidadania sobre as dadivas de sangue é importante. Se não houver ninguém a dar sangue, amanhã quando precisarmos pode também não haver”, alertou.

Assim, a associação vai promover campanhas junto das universidades de Coimbra e respetivos Departamentos, bem como rumar a algumas localidades para levar a relevância desta missão à comunidade.

E a função é mesmo esta, “apoiar os nossos dadores e sensibilizar para esta causa”. “Normalmente oferecemos uma pequena lembrança deste grande gesto que pode mesmo salvar vidas”, salientou José Mário Gama.

No entanto, a melhor recordação é a mensagem que cada dador recebe a informar que o seu sangue ajudou a salvar uma vida. “É uma forma de saber que o seu sangue foi utilizado e uma maneira diferente de agradecer. O CHUC é o único em Portugal que dá este mimo aos dadores”, concluiu o presidente da ADSC, de sorriso rasgado.

A felicidade de quem dá

Assim o comprova Joana Araújo, dadora há mais de 10 anos. “Decidi ser dadora de sangue, porque tenho a consciência que alguns mililitros do meu sangue podem salvar uma vida. Sinto uma sensação de missão cumprida, que me realiza a nível pessoal, em saber que posso ser útil para alguém”, partilhou.

Também Esti, de 45 anos, é dadora há 18. “Sempre vi a minha mãe dar sangue duas vezes por ano, pelo que era algo normal para mim. Lembro-me de ela ter ido comigo a primeira vez e desde aí temos ido várias vezes juntas”, disse.

A dadora recordou um momento especial, em que o seu primo estava internado a fazer tratamento de um cancro. “O hospital precisava de sangue, porque estava com poucas reservas. Não sei se o meu sangue foi para ele ou não, mas quero pensar que sim, que o ajudei nesse dia e que o meu sangue passou para o meu primo para o ajudar a recuperar de um tratamento bem agressivo”, contou ao “Despertar”.

Esti assume que dar sangue é algo que a faz sentir-se bem e feliz. “É algo que exige apenas um pouco do meu tempo, mas que pode mudar a vida de alguém”, referiu.

Já Carla Fernandes abraçou esta causa há 28 anos, quando tinha 18, “a idade permitida para ser dadora”. “Na altura em que comecei havia um apelo e a partir daí dei sempre, pois é um sentimento maravilhoso e uma gratidão por ter a condição de poder ajudar a salvar vidas”.

Embora com uma interrupção, Iolanda Pascoal é dadora desde 2000. “É importante ajudar, pois podemos salvar uma vida”, disse.

 


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