4 de Dezembro de 2024 | Coimbra
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MANUEL BONTEMPO

Artista de eleição

14 de Junho 2019

O movimento romântico das suas telas foi formalizado com uma vasta experiência que passou pelo Canadá e Brasil, onde ensinou, e abrangia todo o inventário intelectual e um programa sempre em constante evolução definido, pedagógico, sem esquemas rígidos, numa crença da razão iluminista que muito cedo o tornou um dos pintores mais famosos de Coimbra.

Pinho Dinis deixa o neoclassismo e aborda o expressionismo com leituras universais e canta a mulher, a figura feminina erigida à dignidade humana como merecesse o paraíso perdido!

Artista de cultura, de diálogo, ensinou e criou discípulos.

Depois teve tendências místicas, os seus quadros correspondiam a uma técnica rara, no cromatismo especial e desprezava o culto da arte pela arte!

Intelectual discreto inspirava-se na história, na lenda, num domínio seguro da histografia da mulher, santa ou agnóstica, virtuosa ou pecadora, nobre ou plebeia, tónica dominante para a justiça que teve em vida com o seu nome a uma sala da Casa da Cultura de Coimbra.

Atribuía às figuras humanas um traço dominante, singular, onde se enxergava os sentimentos humanos, o fluxo da vida sentimental dos seus “retratos” com efeitos únicos como o pintor quisesse criar uma lei nova para a arte.

Inventor, por isso!

Cada exposição foi sempre uma surpresa. Foi assim no Brasil, França, Espanha e no nosso país.

Havia, por outro lado, a exigência de origem sexual na perceção da beleza das suas figuras feministas que imprimia a fundamentação psicológica e histórica à sua obra, para a sua teoria, para a sua filosofia que previa o resultado final capaz de agradar a gregos e a troianos.

O infinito das suas telas é arrebatador e amplo com o pensamento lógico de um artista que viveu a arte como fosse o ar que respirava.

Entrou mais tarde no impressionismo e mesmo no fauvismo e exemplarmente no surrealismo em quadros que transportavam o seu quid, o seu coração de homem solidário com a Cultura, com Coimbra, com o Povo!

De instinto naturalista foi sempre essencialmente junto à sociedade, com os outros, com a Cultura Municipal e nesta fase realiza obras maravilhosas, femininas, sedutoras, um encanto numa linha invulgar.

Foi este artista de eleição, incomum que deixou por toda a parte o seu génio e a sua doutrina, a sua escola.

É um artista que vive sempre na memória dos cultores da arte!

Foi assim Pinho Dinis!


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