A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra comemora, ao longo deste ano de 2019, meio século de vida. As celebrações começam já amanhã e vão estender-se até dezembro, com pelo menos um grande evento por mês que procura sensibilizar a comunidade para o trabalho que esta instituição tem vindo a desenvolver ao longo destas cinco décadas.
Apresentado no início de janeiro, o programa abre amanhã, às 17h00, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), com um grande evento que procura envolver todos aqueles que, direta ou indiretamente, fazem parte do dia a dia desta instituição. Designado “Utopias”, este encontro vai trazer a Coimbra sete figuras públicas de vários quadrantes da sociedade que irão apresentar diferentes perspetivas deste tema. Ana Paula Pais (da Rede de Escolas de Hotelaria e Turismo de Portugal) vai falar de “Utopias” no turismo; Diana Andringa (jornalista) no jornalismo e ativismo social; Lurdes Breda (escritora) na literatura; Carlos Fiolhais (físico) na ciência; Eduardo Rêgo (BBC) na ecologia; Fernando Seabra Santos (antigo reitor da Universidade de Coimbra) na cultura; e José Redondo (do Licor Beirão) no empreendedorismo. Apresentado por Inês Lopes Gonçalves (do programa “5 Para a Meia Noite”), o programa conta ainda com várias surpresas dinamizadas pelos jovens da associação.
As comemorações prosseguem a 18 de fevereiro, dia em que todos os centros dos quatro concelhos – Coimbra, Cantanhede, Arganil e Montemor-o-Velho – estarão abertos à comunidade. “Todas as pessoas estão convidadas a visitar-nos e a fazer as perguntas que desejarem”, realça Helena Albuquerque, presidente da APPACDM de Coimbra.
“Cuidar dos cuidadores” é o tema do colóquio marcado para 14 de março, no auditório do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC) – Coimbra Business School. O programa continua a 9 de abril, no Convento São Francisco, com um congresso de arquitetura intitulado “Cidade como Meio de Inclusão”. Este evento pretende celebrar as 247 parcerias e promover o debate sobre as acessibilidades na cidade relativas à população mais vulnerável.
Para 16 de maio está marcada a “Gala APPACDM de Coimbra/Apollo 11 – quebrar barreiras e preconceitos”, evento que decorre no TAGV e que vai abordar a primeira ida do homem à lua, em 1969, e que será acompanhado por uma peça dramatizada pelos jovens da associação.
As comemorações continuam a 30 de junho com uma “Caminhada a Par”, num percurso que inclui paragens para cumprimentar as pessoas e representantes das instituições que dão apoio à APPACDM.
Para o segundo semestre está programada uma ‘mesa redonda’ sobre “Incluir pelo trabalho: que desafios?” (15 de julho); um ciclo de cinema “Filmes da Nossa Vida” (em agosto); um jogo de futebol entre a APPACDM e Académica (em setembro); um congresso sobre a “Qualidade de Vida da Pessoa com Deficiência” (18 de outubro); um jantar comemorativo dos 50 anos (9 de novembro); e a campanha “Conhecer para Incluir” (3 de dezembro).
Helena Albuquerque espera que estas comemorações sirvam para “gerar ondas de mudança na sociedade para que o cidadão com deficiência intelectual tenha uma assistência mais apropriada e digna”.
O presidente da Assembleia Geral da APPACDM de Coimbra, Jorge Castilho, salienta, por sua vez, a importância de apoiar os serviços prestados por esta instituição, de forma a que possa desempenhar o seu trabalho sem estar tão dependente dos fundos estatais. Recorda que a APPACDM apoia “1200 cidadãos deficientes, desde que nascem até que morrem”, contando, para tal, com cerca de 250 colaboradores e 30 voluntários. Para ajudar, basta que se tornem associados, tendo a cota mínima um valor de 20 euros anuais.
De salientar que a associação tem vários serviços abertos ao público, como a Casa de Chá, serviço de recolha de óleos alimentares, reciclagem, lavagem auto, um hotel de turismo social, a empresa “Limpa Tudo” e um Centro de Medicina Física e de Reabilitação, onde empregam cerca de 40 a 50 jovens adultos da instituição.
Em projeto está o tão ansiado lar em Arganil, valência que Helena Albuquerque considera prioritária e que está apenas dependente da abertura de uma “linha de apoio de financiamento estatal”, prometida há três anos pelo ministério da Segurança Social. A construção de mais lares residenciais é, aliás, o maior desejo da APPACDM, já que a instituição continua longe de poder dar resposta às muitas famílias que a ela recorrem.