Tu viste-nos, Mondego, chorar tanto,
Que crias haver cheias nas paixões.
Era tão copioso o nosso pranto,
Que inundava os amantes corações.
Tu transbordavas noutras situações,
Em que de águas revoltas era o manto,
Cobrindo as tuas margens que, nos V’rões,
Eram ávidos leitos com encanto.
Todavia, tais lágrimas à foz
Não iam desaguar. Ninguém, só nós
Podíamos chorar, fosse o que fosse.
E por mais que tentasses imitar
O sal da mágoa, o nosso soluçar,
Chorarias, apenas, água doce!