A Associação Académica de Coimbra (AAC) exige que o governo dê uma “resposta clara, definitiva e inequívoca em relação às propinas no ensino superior”, encarando com preocupação as recentes declarações do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, ao semanário Expresso, onde referiu nunca ter defendido o fim das propinas no ensino superior português.
O presidente da AAC, Daniel Azenha, questiona “as prioridades governativas” do ministro. “Por um lado, demonstra uma total falta de planeamento e de visão estruturada para o ensino superior, sendo impercetível a linha política que guia esta governação. Por outro lado, realça-se o retrocesso protagonizado por Manuel Heitor que, com apenas o distanciamento de 19 dias, afirma tudo e o seu contrário”, realça Daniel Azenha, em nota divulgada.
Exige, por isso, “uma posição clara” no que toca à temática das propinas. “A menos de um ano das eleições legislativas e após o desgoverno deste ministério durante os últimos três anos, é essencial uma resposta categórica que não pode ser mais adiada. Os estudantes – e as respetivas famílias – reclamam o direito de conhecer a verdadeira posição do governo, sem respostas reiteradamente incompletas e esquivas”, sublinha.
A direção da AAC anunciou também que remeteu, anteontem, uma carta a Manuel Heitor e ao Primeiro-Ministro António Costa, onde solicita “uma audiência para uma clarificação definitiva da política de propinas no ensino superior português”.
Recorde-se que a AAC foi uma das principais impulsionadoras do movimento associativo nacional “Rumo à propina 0”, criado em 2016. Os estudantes de Coimbra foram pioneiros no combate às propinas, defendendo de forma intransigente a sua abolição desde a sua aplicação e considerando a educação como “um bem público fundamental para a modernização e progressão do país, um direito constitucionalmente consagrado assegurando a entrada e permanência no Ensino Superior a todos os estudantes”.