A Associação Académica de Coimbra (AAC) e a Fundação INATEL juntaram-se para preparar as celebrações dos 50 anos da Crise Académica de 1969. Do programa, que está ainda em construção, constam ideias como uma recriação teatralizada dos acontecimentos, uma exposição de fotografia e cartazes de intervenção em Coimbra e na Assembleia da República, acompanhada por atuações da canção coimbrã, diversos espetáculos e outras várias iniciativas que estão a ser projetadas e oportunamente serão divulgadas.
Alberto Martins, presidente da associação estudantil de então, vai integrar esta iniciativa. O atual presidente da AAC, Daniel Azenha, e o diretor da Fundação Inatel de Coimbra, Bruno Paixão, juntamente com outros representantes destas duas entidades, deslocaram-se ao Porto, onde convidaram o antigo ex-deputado e ex-ministro a associar-se ao programa, dando a sua visão dos acontecimentos que experienciou há cinco décadas, em que foi, inclusivamente, preso.
Na reunião foi discutido o programa que vai celebrar o dia em que há 50 anos os estudantes foram oprimidos do uso da palavra, durante a inauguração do edifício das Matemáticas, resultando protestos, greves, detenções e a mobilização para a Guerra do Ultramar. Ainda em preparação, as comemorações devem começar a 17 de abril, estendendo-se ao longo de alguns meses.
“Esta é uma data que a AAC não pode esquecer. Se hoje temos em parte um ensino livre e democrático, em muito devemos aos dirigentes da AAC de 1969 que iniciaram um movimento de massas assumindo-se contra a ditadura”, revela Daniel Azenha.
A Fundação INATEL, enquanto organização que visa preservar a memória da sociedade, “sente-se naturalmente orgulhosa com a parceria e toda a cooperação que tem ao longo deste tempo mantido com a AAC”. Bruno Paixão destaca ainda as “genuínas e excelentes relações” entre as duas entidades e entende que “a primazia das comemorações caberá aos estudantes. O diretor do INATEL reforça também que estão “abertos à cooperação e à inclusão de outras entidades relevantes que queiram beneficiar desta dinâmica gerada por nós e que já está em marcha”.
“Seria um gosto acolher instituições e personalidades e, nesse sentido, estamos a diligenciar contactos conjuntos que colham a concordância de ambos”, adianta.