Querido leitor, se estiver perto dos 50 e viver sozinho não se esqueça (nunca) de comprar fruta da época, alface fresquinha, queijo sem lactose, iogurtes com probióticos e chocolate negro. É claro que deve acrescentar pão a esta lista, de preferência escuro porque é o melhor para a sua saúde. Vai agradecer ter congelado pão porque só isso permite que o encontre, fresquinho, quando mais sentir a sua falta.
O importante é ter em casa o que nunca se estraga: salsichas, batatas fritas e outros disparates…
O importante é ter em casa a viola e a bola de basquetebol…
O importante é ter em casa o diário que, pacientemente, aguarda as letrinhas que irão encher as suas folhas…
O importante é ter em casa os livros que esperam ser lidos e os filmes que sonham ser vistos…
O importante é ter em casa o amigo rádio e a sempre presente internet móvel que ajuda a encurtar distâncias de amigos próximos…
O importante é ter (em) casa…
O importante é ter o carro atestado e a coragem de o conduzir pela estrada que o levará para o colinho da família (e para onde está o bolo às riscas)…
O importante é ter o carro atestado e a coragem de o conduzir pela estrada devida…
Tenho que acrescentar a esta lista o(s) apaixonante(s) emprego(s) que permite(m) financiar estes (e outros) prazeres. O desafio é grande quando as contas não são pequenas. O desafio é grande quando as contas não são pagas a meias…
Se estiver perto dos 50 e já começou a engordar, a pegar no iPad para ver de perto os preços dos livros, a pensar demais no que fez errado e a pensar de menos no que quer fazer certo, acredite que o mais importante é estar de volta ao Coliseu, lançar a bola ao cesto, folhear as páginas de um livro, encher caderninhos com letras, passear de bicicleta à beira-mar e esquecer a falta que lhe faz quem deixou de ser.
Esqueça a culpa, celebre a vida e agradeça as pessoas que tem perto de si… sorria!
Acho que é (quase) só isto…
Ah, beba uma coca-colinha de vez em quando e, aconteça o que acontecer, nunca termine um namoro em dia de derrota da Académica…
… já lhe contarei mais coisas (ao ouvido) sobre a ternura dos (meus) 50!