Ao contrário dos políticos – que nunca respondem objectivamente às questões que lhes são colocadas –, passo a mostrar a todos os leitores, por absurdo, a forma néscia como o município de Coimbra tem lidado com a celeuma relativa aos tróleis.
Assim: o que aconteceria se, de repente, as escadas monumentais fossem demolidas, as lápides do Penedo da Saudade atiradas para um beco, o Portugal dos Pequenitos substituído por um centro comercial, o Choupal transformado num queimódromo, o miradouro do Vale do Inferno tapado por arbustos e outdoors, os plátanos da Avenida Sá da Bandeira derrubados, ou, até mesmo, a Torre da Universidade pintada aos quadradinhos? Para além de tais atrocidades, Coimbra descaracterizar-se-ia, passando a ser, não a “Cidade do Conhecimento”, mas, sim, a “Cidade da Ignorância”.
Ora, de igual modo, esta leitura far-se-á a partir do momento em que os tróleis forem banidos da circulação. É incompreensível tamanha “birra” que a edilidade teima em fazer, invocando o metrobus para tudo e mais alguma coisa, desde que implique “ficar-se janota na fotografia” da urbe. Um meio de transporte não invalida o outro. A única incompatibilidade que ressalta neste emaranhado de ideias tem um único nome: má-vontade! Má-vontade em “abrir os cordões à bolsa”…
Indo mais longe: não só os tróleis deverão continuar a circular (para fins não apenas turísticos), como também deverão ser restaurados os já existentes nos SMTUC e adquiridas novas viaturas. Isto, sim, constitui a literacia da mobilidade eléctrica, a qual prescinde de carregamento de baterias, já que o contacto directo com as catenárias é suficiente. Se os recentes autocarros são 100% eléctricos, os tróleis, então, são 200%! Não é por acaso que as principais cidades do mundo optaram por manter e modernizar as infraestruturas inerentes a este meio de transporte ecológico (sim, porque não exige a utilização de lítio).
Mais: deverão ser mantidas as linhas 4 (Cruz de Celas /Baixa), 103 (Universidade / Santo António dos Olivais / Baixa), assim como reactivada a linha 5 (S. José / Baixa).
Por fim, mediante a aquisição de 1 dúzia de novos tróleis (lembre-se que os países de Leste têm fábricas onde os mesmos são montados a preços de mercado bastante atractivos e interessantes), criar-se-ia uma linha “inter-urbe” que ligasse as duas margens da cidade. A fim de se aproveitarem as catenárias já existentes, ao longo de 75% do percurso, este seria o seguinte: Fórum (rotunda principal), Guarda Inglesa, Ponte de Santa Clara, Portagem, Estação Nova, Av. Fernão de Magalhães, Palácio da Justiça, R. da Sofia, Av. Sá da Bandeira, Praça da República, Arcos do Jardim, R. dos Combatentes, Estádio Cidade de Coimbra, Solum, Casa Branca, Estrada da Beira e Vale das Flores (rotunda principal). Depois, invertendo o sentido de marcha: Vale das Flores (rotunda principal), Estrada da Beira, Casa Branca, Solum, R. Miguel Torga, R. de Santa Teresa, Arcos do Jardim, R. Alexandro Herculano, Praça da República, Av. Sá da Bandeira, R. da Sofia, Palácio da Justiça, Av. Fernão de Magalhães, Estação Nova, Portagem, Ponte de Santa Clara, Guarda Inglesa e Fórum (rotunda principal).
Para concluir, convido todos os leitores, cuja opinião venha na senda da que é explanada neste texto, a reiterarem a tónica de causa tão pertinente.
Que todas as intervenções dos munícipes não caiam no olvido do município!
Que 77 anos de tróleis antevejam outros 77!