Por Alfredo Castanheira Neves
Tenho o privilégio de ter acompanhado de perto o percurso da Casa dos Pobres de Coimbra, inicialmente enquanto Instituição confinada a instalações que não lhe permitiam chegar a todos quanto gostaria e agora projetado pelo inesquecível impulso do seu Patriarca Aníbal Duarte Almeida num local adequado às necessidades dos que serve e aos desafios que a idade e a vida, infelizmente, impõem.
Esta Casa é especial – e esta não é uma consideração desacompanhada de razões de fundo. O trabalho que ali se faz todos os dias, com um louvável espírito de dedicação à população mais desprovida, que tende a ter uma expressão logística e humanística cada vez mais significativa, por pessoas de assinável carácter, com excecionais qualidades de altruísmo, fraternidade e solidariedade, não pode ser traduzido por palavras, que sempre ficariam aquém do que se faz e do seu significado.
E é também de profundo significado, e merecedor da devida vénia e reconhecimento, o impacto que a Casa dos Pobres tem nos seus utentes, conferindo a merecida dignidade humana que a todos é devida, mas que, ainda que reconhecida na Constituição da República Portuguesa, é muitas vezes esquecida por “quem manda”. Felizmente existe a Casa dos Pobres de Coimbra que, trabalhando diariamente com os recursos que tem à sua disposição, mas sobretudo com um imensurável espírito de sacrifício, consegue suprir necessidades e transformar as vidas de quem ali vive, e designadamente torná-las humanamente preenchidas e respeitadas.
E se é verdade que o Homem se transforma nas causas que faz suas, como afirmou Karl Jaspers, então estou certo de que todos aqueles que, seja a que título for, contribuem para o bom funcionamento da Casa dos Pobres, trabalhando em prol de nobre missão, são seres de uma grandeza ético-civica excepcional, e pelos quais nutro laços da mais profunda admiração.