Depois de, em maio, terem lançado o seu décimo álbum, “Inspirar”, os Danças Ocultas estão, atualmente, a apresentá-lo ao vivo. A nível internacional, passaram pela Suíça, Áustria, Bélgica, Cabo Verde e Brasil. Por sua vez, em Portugal, já se fizeram ouvir em Lisboa, no Porto, Aveiro e, agora, chegam também a Coimbra. O concerto está agendado para dia 13 de dezembro no Auditório do Conservatório de Música de Coimbra, a partir das 21h, e marca o regresso da banda à cidade.
“Já tínhamos tocado neste auditório há cerca de 15 anos e, entretanto, também tocámos no Convento São Francisco a propósito da apresentação do nosso disco anterior, ‘Dentro desse Mar’. Este regresso a Coimbra vai ser extremamente importante para o público da cidade poder ouvir este novo álbum tocado ao vivo”, afirma Artur Fernandes, elemento dos Danças Ocultas, em declarações ao “O Despertar”.
Um momento que promete casa cheia, – já que os bilhetes estão perto de esgotar -, e que traz um gosto especial ao músico, visto que este é também docente no Conservatório de Música de Coimbra. “Vou tocar em casa”, refere, entre sorrisos, mostrando-se satisfeito por poder partilhar esse momento com professores, alunos e restante comunidade educativa. Além disso, não tem dúvidas de que a própria cidade “poderá sentir um certo orgulho em, na sua região, ter este projeto artístico”.
“Há sempre um processo de evolução”
A amizade entre Artur Fernandes, Filipe Cal, Filipe Ricardo e Francisco Miguel mantém-se viva há mais de 40 anos. Enquanto quarteto musical, existem desde 1989. A ligação que os une é, por isso, fundamental para que, em palco, tudo corra como previsto. “Há um jogo de equilíbrios e emoções. Todos nos conhecemos muito bem: sabemos com um leve olhar e percebemos o que é que cada um está a pensar. Musicalmente, isso tem um reflexo muito importante”, sublinha Artur Fernandes.
A solidez deste grupo torna-se ainda mais fundamental para ajudar a superar as dificuldades que os músicos possam sentir ao tocar ao vivo. “Este equilíbrio entre disciplina, – de tentar fazer as coisas bem feitas e sem falhas -, e desinibição, – sentir uma certa soltura para que a música viva -, por vezes, pode ser difícil de conseguir”, admite ainda.
A verdade é que, passados 36 anos de atividade, os artistas ainda ficam nervosos antes de entrar em palco. Para Artur Fernandes, esta realidade não só é um bom sinal, como espera que nunca desapareça. “É um nervoso miudinho muito importante para nos manter com a chama acesa e com energia. (…) É fundamental ter presente esse sentimento de responsabilidade”, salienta.
Em termos de preparação dos concertos, o elemento dos Danças Ocultas garante que “há sempre um processo de evolução”, já que “nunca damos as músicas como fechadas”. Sobretudo, nesta digressão, que se mantém fiel ao que está no mais recente álbum da banda. “Contrariamente aos discos anteriores, em que tínhamos muitos convidados, desta vez foi tudo pensado para levar em alinhamento ao palco”, confessa.
De acordo com o músico, “a preparação, neste caso, circunscreve-se à preparação técnica e ao cuidado, porque nós tocamos de cor. Portanto, é um processo muito repetitivo da passagem das músicas para garantir que, no momento, a memória não nos atraiçoa”.
Grupo chega a todas as gerações
Lançado a 23 de maio, o álbum “Inspirar” não podia ter sido mais bem acolhido pelo público. Nas plataformas digitais, têm sido muitos os downloads e as gravações em playlists. “Mais do que em álbuns anteriores”, revela Artur Fernandes, considerando que este é “um excelente sinal”. Além disso, o grupo teve a oportunidade de apresentar, previamente, o disco, ao vivo, na Suíça, Áustria, Bélgica, Cabo Verde e Brasil. Em todos estes locais, a receção foi “bastante interessante”.
A este propósito, o membro dos Danças Ocultas garante que atuar para o público português é diferente do que fazê-lo lá fora. “Há uma questão pertinente nas nossas apresentações no centro da Europa: em cada país há uma região onde a concertina é muito popular e tem, precisamente, a mesma conotação social”, refere.
Nesse sentido, “quando aparecemos a tocar, em palco, uma música sem grandes ornamentos, e que está longe da memória que as pessoas têm desse instrumento, isso joga a nosso favor”. Por outro lado, “quando as pessoas sabem que é uma banda que vem de Portugal, imaginam que vamos tocar Fado. Também nisso surpreendemos”, completa ainda.
Em termos de público, Artur Fernandes especifica que, na Europa, são os mais velhos quem mais acompanha a banda. “É um público com um poder económico completamente diferente; que tem, digamos assim, oportunidade para comprar bilhetes de temporada e vão ao teatro, ao cinema ou a concertos duas a três vezes por semana e ainda compram CD’s”, conta.
Em Portugal, por sua vez, o grupo denota uma rotação de diferentes gerações. “São pessoas que nos começaram a ouvir jovens e que, agora, são os filhos quem consome a nossa música. É uma plateia mais transversal”, realça. Contudo, não importa a idade de quem os está a ouvir. Os Danças Ocultas fazem música para todos e, por isso, cada concerto “é um momento irrepetível e único”.
O álbum “Inspirar” distingue-se pela sua natureza crua, expressiva e marcada pela cumplicidade dos quatro músicos que integram os Danças Ocultas. Artur Fernandes assegura que o grupo está ansioso “por dar a conhecer este disco” ao público que, no dia 13 de dezembro, não vai perder o espetáculo, ao vivo, no Conservatório de Música de Coimbra.
Cátia Barbosa
»» [Reportagem da edição impressa no “O Despertar” de 28/11/2025]