O Metropolitano Ligeiro de Superfície está no centro do debate. Os concelhos da Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra anseiam por o ver nos carris mas, apesar de todos os anúncios, ao longo destes dez anos não há avanços significativos a registar. Enquanto se aguarda, Coimbra vai avançando com novos projetos e melhoramentos. Fala-se da recuperação de Celas, Almedina e do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha; a Quinta das Lágrimas vira unidade hoteleira; e a construção da Ponte Europa avança. Há ainda a registar a chegada das emissões da TV Cabo à cidade e a subida da Académica à I Divisão, o escalão maior do futebol português. “O Despertar” recebe a visita especial do Bispo de Coimbra, D. João Alves, e, a nível nacional, as atenções centram-se na visita do Papa João Paulo II a Portugal, que voltou a emocionar o país.
Os anos 90 começam com mais uma perda n’ “O Despertar”. Maria do Carmo Sousa, viúva de António de Sousa, morre em janeiro de 1990, sendo a sua morte noticiada na edição do dia 10, precisamente a mesma em que toma posse o novo executivo da Câmara Municipal de Coimbra, presidido por Manuel Machado.
No mesmo mês é sugerido o nome de Jaime Ramos, então presidente da Câmara de Miranda do Corvo, para Governador Civil do Distrito de Coimbra, o que se efetiva no início de fevereiro.
Numa altura em que é notícia o facto de os padres começarem a ter salário, o Bispo de Coimbra, D. João Alves, visita “O Despertar”. Na cidade, fala-se na recuperação de Celas, Almedina e do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, enquanto a Quinta das Lágrimas vira unidade hoteleira.
A nível nacional, comemora-se o 14.º mês para os pensionistas; os bombeiros dotam-se do primeiro helicóptero de bombardeio de água; o comboio intercidades inicia a ligação entre a Figueira da Foz e Lisboa.
A reeleição de Mário Soares como Presidente da República, a Guerra no Golfo, a visita do Papa João Paulo II a Portugal e a paz em Angola estão em destaque no ano de 1992. Por cá, a Câmara aprova o parecer sobre o Polo II da Universidade de Coimbra, a reparação da Estrada de Eiras e viabiliza a construção de um centro comercial SONAE no Vale das Flores. Esta zona está em crescimento e prevê-se aí a instalação de um Laboratório Regional de Meteorologia e da Direção Regional de Indústria e Energia. O Instituto Politécnico admite criar um curso de Comunicação Social, enquanto a Universidade continua a estudar a possibilidade de ter um curso de Jornalismo. A Câmara pede à Assembleia Municipal aval para a adjudicação do projeto da Ponte Europa; abre concurso para a construção de 28 habitações sociais no Bairro do Ingote; aprova a localização do canil/gatil da cidade; e considera prioritário o centro histórico.
A morte de Mendes da Silva, os avanços e recuos do projeto da Ponte Europa, o combate à pobreza, a possibilidade de retirar a Penitenciária do centro da cidade, a construção de um túnel nos Olivais, a inauguração do novo Teatro Avenida, o anúncio de uma circular externa junto dos Hospitais da Universidade de Coimbra, o desejo de ter na cidade um Centro de Congressos e a possibilidade de candidatar o Mosteiro de Celas a património mundial são temas que estão na ordem do dia, no ano de 1992.
Todos sonham com o Metro
No ano seguinte, Coimbra voltou a ser capital do teatro e da fotografia e a Figueira do cinema. Coimbra, Miranda e Lousã continuam a acreditar nos elétricos rápidos; enquanto que Penacova e Poiares assistem ao crescimento do turismo. Os estudantes lutam contra as propinas, o setor têxtil vive tempos difíceis na cidade e o desemprego cresce.
O trânsito no centro histórico de Coimbra preocupa a autarquia e a construção de um túnel na Baixa, para a linha da Lousã, gera polémica. O ministro das Obras Públicas diz que a linha deve ser eletrificada e deve receber o metropolitano ligeiro de superfície.
No desporto, o União de Coimbra continua invencível e sobe à II Divisão, a Académica recupera a esperança de regressar à primeira divisão e o Olivais conquista o título em Algés.
A ACIC é liderada, pela primeira vez, por uma mulher, Maria Luísa Rodrigues, e Manuel Machado é reeleito presidente da Câmara de Coimbra. Anuncia-se, nos últimos meses do ano, a ampliação do Hospital Pediátrico e reabre o Teatro Académico de Gil Vicente.
Em 1995 chegam à cidade as emissões da TV Cabo. Este é um ano de luto para a cidade, para o país e para a cultura – morre Miguel Torga. É também um período de mudança, com a Universidade a recuperar os edifícios da Alta, isto numa época em que começa a ser preocupante o desemprego entre licenciados, na região Centro.
É novamente o Metro que abre 1996. Anuncia-se, em janeiro, que estará “nos carris” até ao final do mês e que o “impasse está a chegar ao fim”. Pouco depois, é lançado o concurso para a equipa. Anuncia-se também o Centro de Congressos, o afastamento dos automóveis do centro da cidade e a questão do Parque Verde está em discussão pública.
Em 1997 dá-se conta dos avanços na Ponte Europa; o ministro da Cultura anuncia o projeto para o Convento de Santa Clara; a Casa dos Pobres recusa instalações no Bairro da Rosa; o Lidl chega a Santa Clara; a Académica sobe à primeira divisão; e a Ecovia abre na Casa do Sal.
António de Sousa na toponímia da cidade
São ainda notícia as homenagens a António de Sousa (cujo nome passa a integrar a toponímia da cidade) e a Bissaya Barreto (com a inauguração de uma estátua). Tudo isto numa altura em que a autarquia quer valorizar o Pátio da Inquisição, o Teatro Sousa Bastos vira residência estudantil e a Porta Amiga (da AMI) abre no Terreiro da Erva.
No ano seguinte destaca-se a vitória da equipa sénior feminina do Olivais, que se sagra campeã nacional. São ainda notícia a atribuição de 900 contos, por parte da Câmara, para um pólo de artes no Pátio da Inquisição. Souselas congratula-se com o apoio da autarquia contra a co-incineração mas lamenta o facto de ser escolhida, no final do ano, para queimar resíduos.
Este tema continua em destaque no ano seguinte, com Manuel Machado a levar a questão até S. Bento. Em 1999 o país prepara-se para o Euro e, por cá, projeta-se o novo estádio; anuncia-se a remodelação do Mercado D. Pedro V e as obras no Jardim da Manga e no Choupalinho.
Há ainda a lamentar duas perdas importantes para a cidade. Morrem António Pinho Brojo e Jorge Anjinho.